O patrimônio público é o alvo preferido dos baderneiros Black Blocs |
Luís
Alberto Caju
Algumas pessoas confundem democracia com
bagunça. Acreditam poderem tomar qualquer tipo de atitude nociva ao bem comum
sob o manto da liberdade de expressão. Iguais às crianças que derrubam as
louças da mesa, as panelas do fogão, pulam sem cessar sobre o sofá da sala,
abrem a torneira da pia do banheiro e fazem “chuveirinho” com água. Imaginam
viver num mundo sem regras. Não é assim.
Numa sociedade o direito das pessoas termina
onde começa o das outras. Mesmo o bilionário, dono de um apartamento de 600 m²,
não pode ouvir música em alto volume, realizar festas em sua casa, incomodando
os vizinhos. Precisa obedecer a regras. O campeão mundial de Fórmula 1,
Sebastian Vettel, nas ruas da Alemanha, onde nasceu, precisa aguardar a
abertura do semáforo para continuar transitando.
O jatinho executivo só decola no aeroporto
após receber autorização da torre de controle. Mesmo que dentro dele estejam
homens poderosos politicamente e financeiramente. São essas leis, algumas nem
existentes no papel, que regem a democracia. Com as pessoas sabendo até onde
poder ir, sem prejudicar o direito dos outros.
Porém no Brasil, desde o final do primeiro
semestre de 2013 essa situação sofreu inversões. Sob argumento de combate à
corrupção, milhares de manifestantes tomaram ruas e avenidas de diversas
cidades em protesto contra os desmandos reinantes neste País. No começo tudo
prosseguia em ordem, até a entrada de baderneiros, mascarados, adotando a
triste tática de destruir o patrimônio público.
Depois elegeram a imprensa como alvo de seus
ataques, agredindo jornalistas, alegando que os veículos de comunicação
colocavam nos telejornais, portais, programas de rádio e páginas de revistas e
jornais mentiras a respeito do movimento. Agiam de forma semelhante às nações
totalitárias, como Coreia do Norte, Venezuela, Cuba, Irã, onde não há imprensa
livre.
Para piorar, alguns adolescentes, inflamados e
carentes de informações políticas adotaram o mesmo discurso, transformando as
manifestações em cenário de bagunça e destruição. Quando reprimidos pela
polícia, alegam cerceamento da liberdade, como se democracia fosse a senha para
quebrar o patrimônio público visando descarregar suas frustrações.
Os canalhas e criminosos do grupo de
baderneiros autodenominados Black Blocs alegam que a depredação de imóveis
comerciais é uma crítica ao capitalismo, sistema segundo eles, responsável pela
miséria de milhões no mundo. Caso seja feita rigorosa triagem nessa corja de
desocupados, a maioria tem pais endinheirados, nunca sofreram o flagelo da
fome, precisaram trabalhar desde criança para manter o sustento da casa ou
sentiram a dor e vergonha de morar em regiões da cidade onde o cidadão precisa
abaixar a cabeça para as leis draconianas impostas pelo crime organizado.
São rebeldes sem causa. Adoram destruição para
saciar a sede de sair na mídia, que tanto criticam. Passam grande parte do dia
visitando as páginas das redes sociais, visto que ficam longe de algo chamado
emprego, onde pessoas de bem produzem para levar o salário para casa e manter
uma vida digna.
Esses criminosos, pois
dois deles foram responsáveis pela morte do cinegrafista da Band TV, Santiago
Andrade na segunda-feira (10), desconhecem o significado da palavra democracia.
De defender seus direitos, até de forma calorosa, mas ciente de que eles chegam
ao fim, onde começa os das demais pessoas. Ou seja, democracia não é sinônimo
de bagunça.
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