O míssil está atingindo vários tubarões das empreiteiras |
Luís
Alberto Alves
Pelo tanto de sujeira jorrando a todo o
momento, não sei até onde vai a operação lava míssil, por causa da grande
quantidade de envolvidos neste mar de corrupção. As empreiteiras apostavam que
a bomba ficaria somente no colo do doleiro Alberto Youssef, acusado de lavar R$
10 bilhões provenientes de propina envolvendo obras superfaturadas.
Mas com as últimas prisões realizadas pela
Polícia Federal, colocando atrás das grades peixes graúdos deste ramo da
construção civil, o caldo começou esquentar. Não é segredo para ninguém do
grande volume de dinheiro despejado por este segmento empresarial na época de
eleições. Eles bancam diversos candidatos, inclusive os que disputam cargos de
prefeitos, governadores e presidente da República.
Como não é possível investir alto sem visar
retorno, fica bem claro o objetivo: “Quando você estiver no comando, não me
esqueça nas licitações”. Essa máxima é levada à risca. É só olhar os contratos
envolvendo grandes obras, principalmente usinas hidrelétricas. Em todas estão
presentes empreiteiras de renome.
Desde a época da Ditadura Militar existe o
dedo deste pessoal, que com o argumento de geração de empregos, insistem na construção
de obras faraônicas. Veio a democracia e o mesmo esquema persistiu. Rios de
dinheiro jorrando nas campanhas políticas, com os olhos nas licitações
viciadas, onde milhões e até bilhões fazem parte das fatias do bolo.
A Petrobras é um gigante gerador de obra para
construção civil. Principalmente por causa do pré-sal. Só ingênuo para
acreditar em inexistência de esquema de propina nas licitações desta mega
empresa. O grande problema é que as denúncias começam atingir tubarões. As
estruturas de sustentação da maioria dos parlamentares correm risco de cair.
Espero que a Polícia Federal não sofra
retaliação por realizar o trabalho que toda instituição deste segmento faz nos
países desenvolvidos. Não existe corrupto sem corruptor. Até hoje era quem
recebia a propina o culpado pelo crime. As mãos sujas responsáveis pela
transferência deste dinheiro acabavam escapando. Agora o processo se inverteu.
Com a prisão de diversos executivos, alguns
deles linha de frente dentro das empreiteiras, a chapa vai ficar mais quente.
As denúncias e provas apresentadas pela Polícia Federal são difíceis de irem
parar na lata do lixo, como ocorria em outras gestões, principalmente de FHC. A
delação premiada vai dar o nome de muito boi gordo neste esquema de corrupção.
Que a Justiça prevaleça para o bem da nossa democracia. Lugar de bandido,
principalmente de colarinho branco, é na cadeia.
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