Parte dos executivos suspeitos de corrupção presos pela Polícia Federal |
Luís Alberto Alves
Mais uma vez o juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara
Federal, de Curitiba (PR), deu mostra de que o Brasil está mudando na esfera
judicial. Ele decretou a prisão de diversos executivos das principais
empreiteiras, que durante décadas mandaram politicamente no País, por meio de
propinas pagas a políticos e até através de dinheiro usado para eleger
governantes em troca de favorecimento nas bilionárias licitações de obras
públicas.
Cientes do poder de intimidação, as grandes
construtoras apostaram que as denúncias feitas pelo doleiro Alberto Youssef
seriam ignoradas pela Justiça, como ocorria num passado não tão distante. O
tiro saiu pela culatra. O juiz Moro percebeu a necessidade de mandar prender
vários executivos, porque apresentaram documentos falsos perante juízo visando
justificar a transferência de dinheiro às empresas controladas por Youssef.
Pior, diretores de várias das empreiteiras
tentaram cooptar, por meio financeiro ou ameaça velada uma das testemunhas do
processo. Na sexta-feira (14), a Polícia Federal decretou a prisão do ex-diretor
da Petrobras, Renato Duque e 19 prisões temporárias de executivos e nove deles
obrigados a comparecer perante a Justiça, por suspeita de envolvimento no
esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado R$ 10 bilhões.
Como a sujeira é muito grande, foi decretado
bloqueio de aproximadamente R$ 720 milhões em bens pertencentes a 36
investigados. Três empresas de um dos operadores do esquema tiveram contas
bloqueadas. Segundo a PF, os contratos dos sete grupos investigados são
estimados em R$ 59 bilhões com a Petrobras. As empreiteiras repassavam propina
a agentes públicos para conseguir contratos na petroleira.
Quando vejo o vice-presidente da Camargo
Correa, Eduardo Hermelino Leite, o Leitoso; Agenor Franklin Magalhães Medeiros,
vice-presidente da OAS, e Sérgio Cunha Mendes, vice-presidente da Mendes
Junior, sendo presos, percebo que algo começa a mudar no Brasil. Espero que não
seja apenas fogo de palha ou ações para inglês ver. Afinal de contas não existe
corrupto sem corruptores.
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