Adolescentes infratores exploram brechas existentes no ECA para cometerem crimes |
Luís Alberto
Alves
Desde a promulgação do ECA (Estatuto da
Criança e do Adolescente) que o debate em torno do menor infrator pega fogo no
Brasil. Ao contrário de países desenvolvidos, como Estados Unidos e Reino
Unido, por exemplo, onde menoridade não significa impunidade, as autoridades
brasileiras interpretam atos criminosos cometidos até os 18 anos como infrações
leves, com no máximo até três anos de detenção, que recebe o nome de medida
corretiva.
Mas nossos adolescentes, que estão no mundo do
crime, aprenderam a tirar proveito do ECA. Matam, estupram ou assaltam
conscientes de que passarão pouco tempo internados, como punição. Na década de
1990, um menor infrator conhecido no mundo do crime pelo codinome Batoré, tirou
a vida de 18 pessoas. Ficou apenas três anos detido na então Febem, hoje
Fundação Casa. Se fosse adulto teria amargado mais de 30 anos de reclusão.
Não
defendo maus tratos contra crianças e adolescentes. Mas é errado confundir
bandidos mirins com quem é vítima de violência doméstica, sem condições de se
defender, por causa da menoridade e fragilidade. O avanço da tecnologia faz com
que os nossos jovens de hoje estejam antenados sobre o que ocorre no mundo. É
diferente da mesma geração da década de 1950, ainda inocentes em práticas
rotineiras atualmente.
Naquela época eram raros os casos de filhos
menores de idade enfrentando os pais ou mesmo cometendo deslizes, agora
considerados normais, como usar drogas dentro de casa. Rebeldia significava ir
ao baile sem avisar ninguém em casa ou mesmo copiar os passos de dança do
nascente Rock And Roll na voz do ajudante de caminhoneiro Elvis Presley. Uma
menina de 15 anos grávida era caso raro.
Agora tudo mudou. Nem a própria polícia pode
falar alto quando prende adolescentes criminosos. Aliás, o ECA exige que eles
sejam chamados de menores infratores. Em Goiás, recentemente, numa blitz a
polícia encontrou um adolescente que havia filmado com o celular a morte de
outro garoto. No registro macabro o assassino, menor de idade, sorria com o
desespero da vítima e brincando disparou vários tiros até consumar aquela
morte. Com a diferença dele com os criminosos maiores de idade?
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