Por causa do nível social elevado, alunos da USP parecem ficar acima da lei nos casos de estupros e discriminações |
Luís
Alberto Alves
As denúncias de estupros e diversas
discriminações que ocorrem na USP (Universidade de São Paulo), durante festas
realizadas por alunos da faculdade de medicina revelam o quanto é podre a
classe estudantil de uma das instituições de ensino mais conhecidas no Brasil e
responsável pela formação de inúmeros profissionais famosos no século passado.
O recurso implantado pelo reitor da USP foi,
temporariamente, interromper o consumo de bebidas alcoólicas enquanto o
problema não se encontra solução para o problema. O mais espantoso nesta história
é que se fosse numa escola estadual, do Ensino Fundamental ou Médio,
principalmente na periferia, os suspeitos já estariam atrás das grades.
Mas quando os acusados são alunos, filhos da
elite, o foco muda. Aliás, a USP é famosa por ser gratuita e cheia de
estudantes da classe média alta. É muito baixo o número de pobres no curso de
medicina. Primeiro porque as aulas são em horário integral e livros caros. Os ricos
têm o dinheiro da família para os seis anos de aulas e mais dois de residência,
conquistada pelo famoso “QI”. Desfavorecidos precisam trabalhar, às vezes para
ajudar no sustento da família.
Neste caso os envolvidos tratam-se de
filhinhos de papai, acostumados acometer, com raras exceções, violência sexual
contra empregadas domésticas, principalmente babás e cozinheiras, que
geralmente dormem no emprego. Acostumados à impunidade, repetem a mesma postura
violenta pelo campus da USP. Sabem que o dinheiro e influência da família
ajudam a livrá-los da cadeia. No Brasil, infelizmente só miserável sente o frio
das celas dos presídios.
Por baixo do argumento de que é uma
universidade, a polícia não pode pisar fundo no acelerador em rigorosa
investigação para descobrir e prender os envolvidos por esses crimes. É como se
a USP fosse um Estado à parte, onde tudo de ruim é permitido, inclusive
estuprar e discriminar.
Este tipo de postura é perigoso. Passa a
impressão da permissividade. Após a conclusão do curso de medicina, esse médico
continuará acreditando que está acima do bem e do mal. Com exceções, serão os
profissionais de péssima reputação nos hospitais, onde ficará famoso pelo
péssimo atendimento à população. Outros irão usar o bisturi para cortar órgãos
sadios e vão virar personagens nas páginas de jornais e programas jornalísticos
das emissoras de televisão.
Cabe às autoridades punir rigorosamente os
culpados por qualquer tipo de crime que esteja ocorrendo pelas ruas e festas
rotineiras na USP. Uma universidade de tal porte não pode continuar refém de
péssimos alunos e pessoas com sérios níveis de desvios de conduta. Frutas
podres nunca devem ficar junto das boas. Não basta apenas proibir o álcool, é
preciso repreender pesadamente criminosos que se escondem embaixo do adjetivo “aluno
de medicina da USP”. A sociedade e os futuros pacientes agradecem.
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