O arrogante se imagina a última bolacha do pacote |
Luís
Alberto Alves
Imagine você na fila do supermercado e uma
consumidora humilde, dizendo à caixa que não pode levar 200 gramas de bacon. A
filha olha para a mãe e com seus pequenos gestos e fisionomia de tristeza
mostram que gostaria de sentir o gosto de bacon no feijão. Envergonhada, ela
diz à caixa que não pode levar.
Diante de mim está uma jovem, talvez de 25
anos, bonita e elegante. Acompanha o rápido diálogo entre as duas e logo entra
na conversa: “Quanto que falta para completar a compra”? “Precisa de R$ 1,45”,
responde a funcionária do supermercado. “Pode levar o bacon minha senhora”, diz
aquela alma caridosa, sem expressar na voz qualquer tonalidade denunciando
arrogância.
Quantas pessoas agem assim atualmente?
Infelizmente vivemos num mundo de orgulhosos. Homens e mulheres que acreditando
no poder do médio salário ganho mensalmente se julga acima do bem e do mal.
Deixam em segundo plano os infelizes, para quem comer bife é luxo ou mesmo
tomar yogurte, mesma de marca barata.
Passam pelas ruas desprezando o próximo. Recusam
cumprimentar o porteiro do prédio, onde fazem das tripas coração para pagar o
aluguel. Nos aeroportos, olham desconfiadas em direção ao passageiro que vai
sentar do seu lado. Finge dormir durante a viagem para não puxar um dedo de
conversa.
Recusam entrar nos restaurantes da faixa
popular. Mesmo uma vez ao mês, para tentar esbanjar pose social, vai pagar caro
nos finos restaurantes dos Jardins em São Paulo, onde dependendo da marca, uma
garrafa de vinho custa R$ 5 mil ou mais.
É essa sociedade maligna que valoriza o ter no
lugar do ser. Evitam ajudar o desfavorecido. Creem no bem-estar eterno. Cospem
para cima pensando que nunca ele vai cair no rosto durante as voltas da vida.
Criticam moradores residentes nas favelas ou até mesmo em outras regiões do
País como se ali morassem apenas incapazes.
Por causa disto o Brasil ainda vai continuar
na pista, como avião tentando alçar voo rumo ao Primeiro Mundo. Uma grande
nação só consegue entrar no barco feroz do capitalismo quando tem sensibilidade
de enxergar que todos os seres humanos são iguais, independente da
nacionalidade. Basta apenas acreditar no potencial do próximo.
Os orgulhosos e arrogantes desprezam essas
qualidades. Ganham antipatia do restante do mundo, virando reféns de grupos
fundamentalistas. Com as pessoas ocorre o mesmo. Olhe a sua volta e tente se lembrar
de alguém que agia desta forma na escolha, vizinhança ou mesmo no trabalho. Provavelmente
ela ganhou tua reprovação e até sumiu da suas lembranças. Ninguém gosta de arrogantes, que comem ovo e
arrotam caviar.
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