A solidão pode atacar qualquer pessoa |
Luís
Alberto Alves
A solidão tem algumas particularidades: às
vezes se desfruta do poder, e por causa da intensidade dele, o isolamento
ocorre. Poucos têm a sensibilidade de chegar próximo e compartilhar
informações. É preferível ficar distante para não pegar faíscas de algo que
possa sair errado.
Boa parte da classe artística sofre deste mal.
Após sair dos holofotes vão para casas ou apartamentos luxuosos e afogam a
solidão em doses de bebidas ou drogas. A fama os impede de andar como pessoas
comuns nas ruas, parques ou mesmo shoppings. A privacidade acabou perdida.
Os atores são cobrados pelos fãs de continuar
representando na vida real o papel desempenhado nas novelas ou filmes. Poucos
conseguem compreender que aquele trabalho é ficção, tudo de mentirinha. Se eles
interpretam vilões, correm o risco de sofrer agressões ou mesmo xingamentos.
Tim Maia no auge da fama, na década de 1970,
quando lotava qualquer casa de espetáculo, recorria às garotas de programas
para dormir ao seu lado. Na maioria das vezes nem tinha relação sexual. O velho
síndico desejava apenas companhia, para alguém compreender o terrível gênio que
lhe acompanhava, responsável por inúmeras inimizades.
Marylin Monroe, mulher superdesejada na década
de 1950, recorria aos calmantes. Sua beleza não permitia que os homens ficassem
perto dela. Pelo contrário, muitos sentiam medo da loura fatal. É a solidão
mais terrível. Gozar de fama, ter dinheiro e desfrutar de admiração do público,
mas não poder desfrutar da liberdade de sair e andar pelas ruas ou até mesmo se
apaixonar por alguém comum.
Quando o dinheiro coloca a pessoa no time dos
milionários ou bilionários, outro problema surge: como distinguir amizade
sincera de interesse? Seja homem ou mulher, os aproveitadores aparecerão
visando tirar um pouco do brilho daquela fortuna. Mesmo terminando em casamento, o escritório
de advocacia estará por de trás, escrevendo minucioso contrato, para evitar más
surpresas.
A pior das solidões é estar entre a multidão e
ninguém lhe dar a mínima. Voltar para casa, dormir e acordar sozinho. O
telefone não tocar. A campainha não emitir sinal de vida em nenhum momento.
Chegar as festas de final de ano e tudo passar em brancas nuvens. Até quando
chega o dia do enterro. Na sala do velório, o caixão marca presença sozinho. No
cortejo rumo ao túmulo, apenas os funcionários do cemitério fazem companhia. É
a solidão é terrível em todos os sentidos, até na hora da morte!
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