O brasileiro é tratado como palhaço há vários séculos |
Luís
Alberto Alves
O Carnaval acaba nesta Quarta-Feira de Cinzas.
Desde o final de fevereiro quando começou a festança em diversas regiões do
Brasil, várias fantasias vestiram os foliões. Mas a que cabe no corpo de
qualquer pessoa nascida neste país é a de palhaço.
Numa nação com aumento de bilionários, a
miséria cresce a níveis assustadores e eleva cada vez mais a distância entre os
mais ricos e os miseráveis. O salário pago para profissionais como médicos,
policiais e professores é de entristecer ou fazer sorrir igual ao palhaço.
O Congresso Nacional é outro local onde os
políticos tratam a população como se estivessem num circo. Ficam preocupados
apenas em garantir mordomias deixando os problemas do País em segundo plano. A
grande maioria age como se estivesse num outra sintonia. Não sente vergonha de
ganhar altos salários e trabalhar de segunda a quinta-feira, 90 dias de férias
e aposentadoria integral.
Profissionais
capacitados
A saúde pública é
trágica. Faltam leitos, investimentos e profissionais capacitados. Quando
alguém procura socorro num hospital é tratado como palhaço. Parece que o choro
de dor do paciente é confundido com sorriso deste artista circense expert em
fazer as pessoas caírem na gargalhada.
A justiça brasileira, que nunca pune poderosos
e ricos, toma decisões que não é preciso ser palhaço para achar graça. Há
certos julgamentos dignos de serem feitos num picadeiro, pois o festival de
recursos impetrados pelos advogados de defesa atrasa o andamento do processo e
o culpado fica livre. Caso seja pobre, o papel inverte, com o peso do
Judiciário caindo sobre a cabeça do infeliz, azarado por não ter dinheiro e
amigos influentes.
O caos do ensino público, onde o aluno entra
analfabeto e sai semianalfabeto, merece as divertidas gargalhadas do palhaço. O
professor, com baixos salários, finge que ensina e o estudante simula ter
obtido qualquer conhecimento. No geral,
o brasileiro é tratado como palhaço pelas autoridades há muitos séculos.
Carne
na vitrine
Um dos países com maior número de população
negra, e na maioria dos postos de comandos das Forças Armadas e de grandes
papeis nas novelas, filmes e telejornais, o negro quase nunca aparece. Quando
chega o Carnaval a mulher negra é exibida como carne na vitrine das passarelas
do samba e salões de baile para satisfazer o apetite de turistas ávidos em
saciar a vontade sexual.
Algumas emissoras de televisão só enxergam a
mulher brasileira não branca como mercadoria. O gringo que assistem as
produções feitas no País, quando desembarca por essas terras toma um susto.
Pois não encontram nas ruas as mulheres brancas e loiras, que a dramaturgia
nacional adora colocar em novelas e filmes. Faz o papel de palhaço.
Por causa de todos esses problemas expostos,
fica a impressão de que o governo não tem preocupação com o povo, apenas em
época de eleição interessado no seu voto. É como se a população tivesse
maquiada de palhaça, sendo obrigada a sorrir das mazelas arquitetadas em
Brasília e também para afastar a fome e a tristeza do desemprego, num país onde
o número de bilionário cresce rapidamente. O problema é que o palhaço sabe
discernir a ilusão da ficção.
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