DOI/Codi, em São Paulo, usado pelo Exército para interrogar e matar sob tortura vários militantes de esquerda |
Luís Alberto Alves
A vontade de rir é imensa
da declaração do presidente STM (Superior Tribunal Militar), ministro Raymundo
Nonato de Cerqueira Filho de que os arquivos da Justiça Militar da União,
incluindo os do STM, estão abertos para consulta de qualquer cidadão. Segundo
ele, desde o advento da Lei 12.527/2011, Lei de Acesso à Informação, o Superior
Tribunal Militar “cumpre” rigorosamente o estipulado pela Lei, inexistindo
qualquer restrição de acesso que não esteja contemplada pelo texto da Lei de
2011.
No governo Médici, 1970 a 1974, o Regime Militar executou milhares de opositores sob tortura |
Em português popular, a
fala do ministro Cerqueira Filho é “conversa para boi dormir”. O brasileiro tem
acesso a documentos “perfumaria”. Já os que falam, por exemplo, do sumiço do ex-deputado
Rubens Paiva, no começo da década de 1970, que após prestar depoimento num
quartel no Rio de Janeiro, nunca mais foi visto. O Exército sequer devolveu o
corpo para a família sepultar. Há os casos de guerrilheiros desaparecidos na
região do Araguaia, Norte do País, de 1970 a 1973. Poucos cadáveres acabaram
encontrados.
Existem depoimentos de ex-militares
que participaram da repressão naquela época revelando que as cabeças dos
combatentes eram cortadas e o resto do corpo jogado na floresta, inclusive com
uso de helicóptero. Todo ano existe o papo furado de membros das Forças Armadas
dizendo que eles não têm condições de informar onde se encontram os restos
mortais dos guerrilheiros. Tudo mentira. Sabem e não falam porque o pessoal da
linha dura ainda continuar acreditando que vivemos num Regime Militar.
Os responsáveis pelo
serviço funerário nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro já assumiram que na
década de 1970, auge da Ditadura e endurecimento da política de extermínio de
opositores ao governo, os militantes de esquerda mortos sob tortura eram
sepultados como indigentes, à noite. Para dificultar a localização, os coveiros
eram obrigados a jogar camada de concreto sobre os caixões e depois terra,
visando impedir a retirada dos restos mortais numa possível exumação.
Delegado Sérgio Paranhos Fleury, capacho dos militares, assassinou inúmeros opositores de esquerda no Brasil |
Se realmente existisse
vontade política e a presidente Dilma Rousseff (PT) não sentisse medo da linha
dura, que atualmente usa pijamas e está reserva, este problema acabaria
resolvido. Por hierarquia ela é a chefe suprema das Forças Armadas e generais,
brigadeiros e almirantes precisam obedecer a suas ordens. Na prática isto não
acontece. Existe arquivo paralelo com diversas informações dos anos de chumbo
da Ditadura Militar brasileira e nenhum militar abre o bico, principalmente
para dizer onde encontrar os restos mortais dos opositores que eles
assassinaram sob tortura nos quarteis.
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