Nem o cemitério de Vila Formosa, Zona Leste de SP, escapa da superlotação |
Luís Alberto Alves
Políticos gostam de discutir assuntos de
interesse dos vivos, deixando em segundo plano as matérias relativas aos
mortos, porque não chama a atenção dos eleitores e viram assunto importante nas
páginas dos jornais e portais de notícias. Pouco se ouve falar da superlotação
dos cemitérios em todo o Brasil. São raras as pautas nas Assembleias
Legislativas para tratar de algo que impacta diversas famílias, seja de ricos
ou pobres, anônimos ou famosos.
Todos os dias morrem milhares de pessoas no
País. Num curto espaço de horas, elas precisam de sepultamento, seja como
indigente ou não. É vedado alguém perder a vida e ficar apodrecendo nas
geladeiras superlotadas dos IMLs (instituto Médico Legal). Mesmo que alguns
corpos acabem enviados, na forma da lei, às faculdades de medicina, é grande
ainda a quantidade de cadáveres que precisam de sepultura.
Pela lei, após três anos do enterro, a família
precisa fazer a exumação do cadáver e retirar os ossos do local e transferi-los
às gavetas existentes nos cemitérios. Paga-se uma taxa em torno de R$ 250,00,
dependendo do local, seja ele público ou privado. A retirada dos restos mortais
vai abrir espaço para outro corpo que precisa de sepultamento.
O problema é que muitas pessoas não retornam
para realizar esse processo. Literalmente esquecem o parente naquele túmulo.
Amparado na lei, os ossos são retirados e depositados no ossário geral, onde
não há identificação. Mesmo assim o problema continua, porque é maior o número
de pessoas que morrem do que a quantidade que passa pela exumação.
Especialistas no assunto sugerem a cremação
como recurso para manter os cemitérios funcionando e atendendo essa demanda da
sociedade. Porém questões religiosas impedem que essa prática se torne lei
obrigatória. A maioria da população escolhe o sepultamento em vez de presenciar
a transformação do falecido em cinzas após alguns minutos.
É uma bomba de efeito retardado. Não é
possível detectar quando vai explodir, mas está bem próximo o dia em que o
governo precisará tomar medidas eficazes para resolver esse grave problema de
saúde pública, visto que não é fácil abrir um cemitério, por causa do material poluente
e perigoso que atuam no processo de putrefação do cadáver, contaminando lençol
freático e colocando em risco a saúde de moradores vizinhos desses locais. A
solução precisa vir rápida, pois todos nós iremos ficar, após a morte, na
cidade dos mortos, conhecida como necrópole.
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