A elite que comanda o crime organizado está por baixo dos "peixes pequenos" das facções criminosas |
Luís Alberto Alves
A transferência de Marcos Willians Herbas
Camacho, o Marcola, líder do PCC (Primeiro Comando da Capital), no dia 11/03
para o RDD (Regime Disciplinar Diferenciado) da Penitenciária de Segurança
Máxima de Presidente Bernardes, Interior de SP, revela apenas a ponta do
iceberg do crime organizado. Com ele foram outros três integrantes da facção:
Cláudio Barbará da Silva, o Barbará; Célio Marcelo da Silva, o Bin Laden, e
Luiz Eduardo Marcondes Machado, o Du Bela Vista.
Por ano os mafiosos brasileiros movimentam R$
63 milhões, incluindo tráfico de drogas, contrabando de armas, prostituição,
jogos de azar e loteria clandestina. Atualmente nenhum assalto acontece no
Estado de São Paulo sem aval do PCC. Do dinheiro arrecadado no roubo, um
percentual vai para a facção. O mesmo ocorre com pontos de drogas. Precisam
pagar o pedágio, caso contrário são executados ou entregues à polícia.
A logística implantada pelo PCC é digna de
elogios. Ocuparam o lugar do Estado na maioria dos bairros da periferia
paulistana. Reduziram o número de homicídios. Bandido não mata ninguém sem
antes consultar a liderança da facção criminosa. Se houver rebelião e insistir
no acerto de contas ignorando as ordens da liderança, é ele quem acabará
executado.
Rede
de informantes
O preso cumprindo pena tem a família
sustentada por membros da máfia brasileira. Inclusive pagamento de aluguel,
fornecimento de cestas básicas e dinheiro para visitar o detento em qualquer
região de SP. Dentro da cadeia o filiado
ao PCC tem acesso a produtos de higiene pessoal, roupas de cama e proteção. Sua
mulher e filhos ficam sob segurança do restante dos membros facção. Só morrem
se cometerem falhas graves, como entregar segredos da quadrilha à polícia ou
mesmo agir de forma irresponsável.
Drogado se preocupa apenas com a próxima dose |
Em liberdade, uma forte equipe de advogados
garante a circulação dos criminosos que cometem ações que rendam lucro ao PCC.
Quando um bando de assaltantes vai atacar um banco ou empresa, antes estão
amparados pelos advogados. Caso sejam presos, em poucos minutos o socorro
judiciário chega ao distrito onde a queixa for registrada.
A imensa rede de informantes da facção revela
qualquer problema que esteja acontecendo no Estado de SP. A circulação de dados
é rápida. Por teleconferência, vários celulares de membros presos entram em
sintonia para discutir diversos assuntos de interesse da facção, principalmente
da morte de rivais e policiais que abusam da autoridade. Agentes identificados
como torturadores entram sempre na mira dessa máfia.
Iceberg
Mas a liderança do PCC e do Comando Vermelho,
no Rio de Janeiro, principalmente de Fernandinho Beira-Mar, cumprindo pena na
Penitenciária de Segurança Máxima de Catanduvas (PR), revelam apenas a ponta do
iceberg do crime organizado brasileiro. Atrás dos bastidores existem peixes
graúdos, pessoas influentes na política, mercado financeiro e Judiciário, e
claro, no Congresso Nacional.
São pessoas consideradas acima de qualquer suspeita,
residentes em condomínios fechados badalados ou mesmo nos bairros considerados
de elite em São Paulo e Rio de Janeiro, como área dos Jardins e Zona Sul
carioca. Alguns ostentam nomes tradicionais e estão nas colunas sociais das
revistas consumidas pelos endinheirados. Na época de eleição contribuem com
grandes quantias para diversos partidos, tanto da situação quanto da oposição.
Representam parte da elite atrasada do Brasil
que insiste em manter a maioria da população sem qualquer acesso ao ensino, de
qualquer nível para não criar futuros líderes que possam apresentar outra
proposta política e dificultar a mordomia e até mandar para a cadeia os
burgueses envolvidos com o crime organizado.
Por causa da influência, os endinheirados da elite nunca serão pegos e enviados aos presídios de segurança máxima |
Divulgação
de modas
Por causa do grande trânsito entre o governo e
diversos meios de comunicação, principalmente no mercado de música, influenciam
na divulgação de modas que facilitem o aumento do consumo de drogas e
prostituição. Afinal de contas qual o melhor local para se vender entorpecentes
do que em shows musicais, principalmente os que atraem multidões? De tabela
emissoras de televisão e rádios adotam ritmos musicais “nascidos” na periferia
e colocam outra roupagem, dizendo que eles são cultura popular.
É o caso do Pancadão, que alguns comunicadores
existem em chamar de Funk, num total desrespeito à Black Music dos Estados
Unidos. Nesses tipos de bailes é grande o consumo de drogas e ponto para ganhar
novos dependentes químicos, principalmente no crack e cocaína. Já as meninas
entram no time de futuras garotas de programa.
O mais curioso dessa história é o incentivo a
deixar o estudo em segundo plano. Investem na falta de conhecimento dessa
parcela de adolescentes e jovens. Ou seja, para o drogado o mais importante é a
próxima dose. Não é assunto de primeira linha discutir os problemas causados
pela falta de Educação, Segurança, Transporte e Saúde. Para a elite, que usa a
liderança das facções criminosas, como ponta de lança, o crime organizado é
bom, porque realiza funções que deveriam ser feitas pelo Estado.
Analfabeto
político
A grande quantidade de dinheiro nas mãos desse
seleto grupo influencia a votação de projetos no Congresso Nacional. Como
abastecem as campanhas de deputados, senadores e governadores, dificilmente o
Código Penal ficará mais rigoroso em relação aos detentos de alta
periculosidade, membros de facções mafiosas. Porque ao governo interessa manter
o povo num estágio de semianalfabetismo político.
A droga serve para desviar o foco dos grandes
problemas sociais e econômicos que barram o progresso da economia brasileira. Por
outro lado ela mantém os viciados numa camisa de força, de se preocupar apenas
em conseguir manter o vício ou mesmo criar alternativas para ganhar dinheiro
fácil (assaltos e arrastões, principalmente em condomínios fechados), como
fazem as garotas por meio da prostituição.
Portanto, quando o noticiário enche a bola da
liderança do PCC e do Comando Vermelho, tira-se o foco dos principais
envolvidos no crime organizado no Brasil: a elite reacionária que luta há
séculos para que o país nunca progrida em qualquer modalidade da economia. Como
precisam preservar “o bom nome” herdado desde a época do comércio vergonhoso de
escravos, usam os peixes pequenos para continuar enchendo seus cofres de
dinheiro. Em tempo: no mundo o crime organizado movimenta entre US$ 600 bilhões
e US$ 1,5 trilhão com tráfico de drogas, contrabando de armas e lavagem de
dinheiro.
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