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Fatiamento impedirá que poderosos entrem nos presídios, como ocorre com presos comuns |
Luís
Alberto Alves
O STF (Supremo Tribunal
Federal) decidiu nesta quarta-feira, 23, “fatiar” um dos desdobramentos da Lava
Jato. A maioria dos ministros entendeu que a investigação não deve ficar
somente sob relatoria do ministro Teori Zavascki, responsável pelo caso na
Corte, e sob os cuidados do juiz Sérgio Moro, que conduz a operação na primeira
instância, em Curitiba.
O STF analisou o envolvimento da senadora
Gleisi Hoffmann (PT-PR) em suspeita de fraude no Ministério do Planejamento e
decidiu que o caso deve ser “apartado” das investigações da Lava Jato, operação
que tem como principal foco o esquema de corrupção na Petrobrás. Com a decisão,
apurações sobre a petista ficarão com o ministro Dias Toffoli e a parte que
cita o ex-vereador do PT Alexandre Romano, que não tem foro privilegiado, será
encaminhada à Justiça de São Paulo.
A decisão abre brecha para que advogados de
defesa tentem tirar das mãos de Moro “braços” da Lava Jato que, segundo eles,
não têm relação com o núcleo central do esquema originalmente investigado. É o
caso das apurações sobre o setor elétrico, por exemplo, que podem deixar de ser
conduzidas pela Força Tarefa no Paraná. Questionado se a decisão prejudica as
investigações, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, se limitou a
responder com expressão latina que significa que a causa está encerrada: “Roma
locuta, causa finita”, disse . Reservadamente, no entanto, procurados avaliam
que a decisão pode alterar o rumo da operação.
É meio caminho rumo à impunidade, como já
ocorreu em casos anteriores, exemplo disso foi o escândalo do Banestado,
envolvendo bilhões de reais desviados para o Exterior e nenhum punido. Já
passei dos 50 anos e deixei de acreditar em ilusões. Uma delas é crer na mão
severa da Justiça sobre poderosos. No Brasil nada disso acontece. Só pobre e
ladrão de galinha sentem o frio das celas do nosso falido sistema carcerário.
Ao dividir a Operação Lava Jato, o STF joga as
cartas marcadas nas mãos de poderosos e badalados escritórios de advocacia para
impedir a ida de seus clientes ao presídio. É a famosa pizza assada pelas mãos
dos ministros do Supremo e de outros juízes de 1ªInstância. Os longos recursos
irão frear a punição deste mar de corruptos que invadiu o nosso país. Não se
espante com sumiço da Lava Jato da mídia. Poderosos pegos roubando não admitem
que seus nomes estejam no noticiário.
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