![]() |
Jardins, Zona Sul de SP, onde mora parte da elite financeira e política do Brasil... |
![]() |
Periferia, de qualquer região do Brasil, onde a miséria está presente sempre |
Luís
Alberto Alves
Na teoria temos um só Brasil,
unido de Norte a Sul, Leste a Oeste. Na prática ele é dividido ao meio: o país
do endinheirados ou de quem vende a alma ao diabo para estar na crista da onda,
virar frequentador de colunas sociais e a nação da periferia, onde o salário é
ganho sob esforço, de pegar ônibus, metrô, trem, transporte alternativo, tudo
lotado.
No Brasil da bonança inexiste fome: há grandes
festas, às vezes com estrelas internacionais, muita bebida fina e, claro, droga
sem mistura, comprada direta da fonte, mulheres capas de revista, carros top de
linha e mansões no estilo de Beverly Hills, nos Estados Unidos. Até para
driblar o trânsito o helicóptero é acionado e depois o jatinho para esticar a
algazarra em algum outro ponto cinco estrelas.
Nesse país, a crise não existe. Afinal
de contas a elite continua lucrando, seja na miséria ou bonança. Grande parte
da fortuna desse clube seleto de brasileiros está nos paraísos fiscais, livre de
qualquer ameaça política ou econômica. Para fazer o serviço sujo, essa parcela
da população conta com os governantes que ajuda a eleger, por meio de grandiosa
ajuda na época de campanhas políticas.
![]() |
Famosas blitzen da Polícia, onde preto e pobre, sem exceção, são suspeitos |
O outro Brasil é mais cruel. O esgoto corre na
calçada, os buracos fazem parte do cenário da maioria das ruas ou avenidas.
Violência está presente, tanto por parte do crime organizado, que exige
silêncio sob ameaça de morte, quanto da Polícia, que em vez de proteger a
população, espalha terror nas famosas blitzen de final de semana, onde pobre,
preto e prostituta são sempre os mesmos alvos.
Mesmo quando se ajunta algum dinheiro para
tentar passar algumas horas de lazer nos barzinhos existentes no território da
burguesia, tipo Vila Nova Conceição ou Anália Franco, nas Zonas Sul e Leste de
São Paulo, logo é avisado que o seu lugar não é ali. Ousar tomar banho de mar
em Ipanema ou Copacabana, no Rio de Janeiro, dependendo da roupa de banho, é
tarefa impossível.
Gestos simples, como estender a toalha de pano
barato na areia e abrir a caixa de isopor para retirar lanche e refrigerante
popular é visto como atestado de miséria. Caso seja adolescente é carimbado
como bandido ou vadia. O Brasil da grana não admite dividir espaço junto à
plebe.
Nenhum comentário:
Postar um comentário