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Minha querida e saudosa mãe, responsável pelo que sou atualmente |
Luís Alberto Alves
Lembro da época em que frequentava as rodas de
samba da Vai-Vai no bairro do Bixiga, Centro de SP, na década de 1980. Um
colega sambista sempre cantava uma linda canção, que se tivesse parado nas mãos
de algum artista de renome iria estourar nas paradas. Ficou na mente dos fãs da
alvinegra do Bixiga.
O refrão era simples e dizia: “só mãe sente o
amor de verdade/ o resto é interesse é falsidade..” Hoje, 2 de setembro, lembro
da morte de minha querida mãe em 2005. Aliás, qual filho esquece a data da perda
de alguém tão carinhosa?
A agonia começou no dia 2 de janeiro daquele
ano. A levei ao médico e ficou internada até maio, quando saiu para passar o
seu dia em casa, ao meu lado e do esposo. Poucos dias depois retornou ao
hospital e voltou ao lar em junho.
Por motivo de viagem de trabalho não estava
presente quando ela e meu pai acabaram socorridos pelo Resgate do Corpo de
Bombeiros em 31 de julho de 2005. Nunca mais voltariam ao lar onde viveram 37
anos juntos, na mais perfeita harmonia.
No dia 6 de agosto meu velho partiu, e em 1⁰
de setembro, às 18h30, minha mãe fechou os olhos para sempre. A visitava todos
os dias. Era uma quinta-feira. Fiquei ao seu lado até as 17h30. Por estar
entubada, não conseguia falar, mas o olhar mostrava a mesma ternura em relação
a mim.
Cantei, como bom cristão e temente ao Senhor,
louvores. Passei o óleo ungido nas mãos, pés, rosto. Enfim a acariciei. Não sabia,
mas repetia o mesmo gesto de Maria Madalena quando lavou os pés de Jesus Cristo
com seu pranto e passou o óleo no grande mestre.
Sai do quarto despreocupado. Nada revelava que
iria perdê-la. Quando cheguei em casa, a caixa postal do telefone estava
entupida de recados do hospital pedindo minha presença. Ela havia partido.
Nunca me esqueço da noite terrível, correndo atrás da documentação para o
sepultamento.
Quando cheguei em casa, às 2h30 da manhã do
dia 2 de setembro, peguei um disco de trilha sonora da novela Casarão, exibida
na Globo em 1975 e ouvi “Oh! Carol”, de Neil Sedaka. Era a música que ela
adorava apreciar, principalmente quando estava preparando os deliciosos doces
que fazia tão bem.
Passados dez anos, ainda sinto saudade. Dos
conselhos, dos carinhos e das mãos sempre estendidas a mim nos momentos de
dificuldades. Quando me casei abracei fortemente minha prima, que a substituiu
me levando ao altar. Como desejava que ela estivesse ali, presenciando minha
felicidade, pela qual orou e chorou tanto. Meu consolo é que um dia iremos nos
encontrar na eternidade....
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