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A maioria dos menores infratores têm consciência do que está fazendo |
Luís
Alberto Alves
Qual a diferença entre um assassino de 16 anos
e outro de 20? E se um deles matou com requinte de perversidade, colocando fogo
no corpo da vítima, após estuprá-la, sem dar qualquer chance de defesa? Caso
seja menor de idade, no mínimo, ficará três anos cumprindo medida sócio
educativa na Fundação Casa.
O adulto não sairá da cadeia antes de 30 anos
de reclusão e se tiver bom comportamento irá para o regime semi-aberto quando
chegar a um terço da pena (10 anos). Ambos cometeram o mesmo crime, porém o
menor de 16 anos sentirá o peso do castigo apenas por três anos. Pior: após
completar 18 anos, essa mancha criminosa sairá do prontuário, voltado ao status
de réu primário.
Infelizmente o debate em torno da redução da
maioridade penal no Brasil teve a opinião de leigos, apelando para o
sentimentalismo (“são crianças e não têm noção do que praticam”..., “como se
pode misturar adolescentes com bandidos”.., “isso é fascismo”..), ignorando a gravidade do
problema.
Atualmente os nossos jovens não têm mais a
inocência da década de 1940. Naquela época os pais eram respeitados, o mesmo
ocorria na escola. Existia temor. Eram raros os casos de crimes cometidos por
menores de idade. Infelizmente o tempo passou e depois de 75 anos o nosso
Código Penal estacionou.
A sociedade evoluiu.. e muito. Hoje uma
criança de 12 anos sabe exatamente o que deseja. Por causa do avanço da
tecnologia têm acesso a diversos tipos de informação. Não é mais um inocente
útil. Alguns deles zombam da polícia, ao serem presos em flagrante. Entram para
vida do crime em busca de conforto. A maioria pretende ganhar dinheiro sem esforço.
Tanto meninos quanta meninas avançaram.
Aproveitam as oportunidades. Na década de 1990, o então presidente Fernando
Henrique Cardoso baixou decreto proibindo o trabalho abaixo dos 16 anos, salvo
para aprendizes. Medida excelente, visto que lugar de criança e adolescente é
na escola.
O problema é que a eterna crise econômica
continuou acompanhando os chefes de família. Pouco dinheiro no bolso e filhos
ávidos pelas novidades oferecidas pelo mercado. Para piorar, depois de
ultrapassada a barreira dos 16 anos, os garotos enfrentam o alistamento nas
Forças Armadas. Resultado: só entrarão no mercado de trabalho aos 19 ou 20
anos.
Nenhum patrão admite funcionário sem
experiência, principalmente nos cargos de boa remuneração. Como teriam tempo de
profissionalismo, se na adolescência estavam, teoricamente, estudando? É nesta
brecha que entrou o crime organizado, aliciando jovens para entrega e venda de
drogas, e parte das meninas se envolveu com a prostituição.
Portanto, o menor infrator conhece as regras
deste jogo macabro onde colocou os pés. Ao apertar o gatilho da arma de fogo,
sabe que irá retirar a vida de alguém. Não é um bobo. É consciente das regalias
impostas pela Justiça. Livre do peso de penas rigorosas continuarão no mundo do
crime, sorrindo dos honestos. Às vezes agindo como otários ao acreditar numa
sociedade que adotou o certo como errado e vice-versa.
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