Se não tivesse virado refém das drogas, Janis Joplin teria trilhado carreira brilhante |
Luís Alberto Alves
Até hoje não compreendo o fascínio de artistas
talentosos pelas drogas. Chegaram ao topo da escada do sucesso, desfrutam de
fama e têm a conta corrente recheada de dinheiro. Infelizmente muitos deles
mergulham na piscina mortal dos entorpecentes. O ano de 1970, por exemplo, foi
trágico para o Rock. Numa paulada perdeu dois grandes nomes: Jimi Hendrix e
Janis Joplin, ambos por overdose.
Quando apareceu num festival de música na
década de 1960, com sua inconfundível voz rouca, as gravadoras perceberam que estavam
diante da sucessora de Billie Holiday. Detalhe: a garota branca que cantava
Blues com apego e voz sofrida de uma intérprete negra, visto que o Blues
retrata os sofrimentos dos afro-americanos na época da escravidão. É lamento,
daí o nome, cujo significado não é azul, como muitos imaginam, mas triste, na
linguagem da gíria.
Joplin gostava de Billie Holiday. Sempre
visitava o seu túmulo em Nova York. Infelizmente herdou dessa grande intérprete
o gosto mórbido pelas drogas, inclusive heroína, verdadeira bomba atômica a
destruir neurônios a partir do momento que passa a circular pelo corpo humano.
Antes de mergulhar neste pó do inferno, Joplin já era refém do álcool. Bebia
muito.
Quando passou a cantar profissionalmente,
participando de turnês e viajando bastante, inclusive veio ao Brasil para
conhecer o carnaval do Rio de Janeiro, com direito a desfile na escola de samba
Mangueira, no final dos anos de 1960, não agüentava ficar longe das picadas de
heroína e cocaína.
Mesmo assim gravou quatro álbuns de sucesso
num curto espaço de tempo. Misturava Soul e Rock no repertório. Ouvir Joplin
cantando “Summertime” e deixar os ouvidos serem massageados pela beleza de uma
voz única, que nunca mais apareceu no Showbiz. Imagino como seria a carreira
desta brilhante cantora, caso não tivesse morrido aos 27 anos. Inúmeras canções
de sucesso teriam passado pelos seus lábios e o nosso cenário artístico estaria
mais rico, livre de tantas cantoras que chegaram às paradas de sucesso,
deixando em destaque o bumbum, para as pessoas esquecerem de que não têm voz
para cantar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário