O passado, às vezes, reúne lembranças amargas, que precisam ser esquecidas para sempre |
Luís Alberto Alves
Estamos próximo do final de setembro de 2014.
Mas existem pessoas ainda presas a lembranças, trágicas, de muitos anos atrás.
Não conseguem sair do fosso criado pelo passado. Você já olhou dentro do guarda-roupa
e reparou na quantidade astronômica de camisas, cuecas, calças, vestidos,
gravatas, calcinhas, saias, blazers que estão ocupando espaço, relembrando
momentos que não voltam mais.
Lembro da entrevista com a viúva de um
executivo, vítima da queda do avião da TAM em outubro de 1996 segundos depois
após decolar do Aeroporto de Congonhas, Zona Sul de SP, matando todos seus 99
passageiros e tripulantes. Ela disse que guardou por vários anos as roupas do
ex-esposo. Só se livrou delas após casar novamente.
Tem outro caso interessante de empresário
brasileiro de sucesso. Perdeu os pais, porém mantém ainda limpo e com toda a
mobília o apartamento onde o casal morava. Paga, inclusive, faxineira para
limpar o imóvel toda a semana.
Para avançarmos rumo ao futuro não podemos
ficar preso às lembranças do passado. Se o casamento acabou, com direito a divórcio
e partilha de bens, inexiste qualquer razão para guardar o álbum do matrimônio
destruído. O melhor local para guardar as fotos daqueles momentos, hoje
sinônimo de tristeza e até mágoa, é a lata de lixo.
Poucas pessoas compreendem o ritual do
velório, quando todos têm liberdade de chorar, gritar, fazer declarações, às
vezes tardias, de amor e carinho pelo morto. É o momento para retirarmos do
nosso coração todo tipo de sentimentos que possa impedir nossa caminhada em
direção ao futuro.
Quando choramos os nossos entes queridos
falecidos, percebemos anos depois que sentimos saudades, mas não é algo
torturante ao coração. É a lembrança gostosa. De alguém que passou e viveu junto
conosco, e teve de encerrar a missão a qual Deus coloca para cada um de nós cumprirmos
durante determinado tempo neste mundo.
O gosto doce e misterioso do futuro só pode
chegar aos teus lábios e encher os olhos de alegria a partir do momento que o
passado deixar de ser peso em tua vida. Após acabar de ler essa crônica,
levante, deixe o Ipad, computador ou notebook de lado e comece a faxinar sua
casa. Envie ao lixo livros ou revistas cujos conteúdos estão ultrapassados, CDs
de cantores há muito tempo esquecidos pelo sucesso, roupas, calçados e até
móveis velhos e quebrados.
Vá até a cozinha, revire as gavetas da pia e
veja quais talheres estão amassados, facas de pontas quebradas, formas de bolo
entortadas e enferrujadas, pneus velhos encostados no canto da garagem,
documentos sem nenhuma utilidade. Revire principalmente o baú onde você
guardava lembranças de um casamento falido, noivado trágico ou mesmo namoro,
marcado por momentos de tristezas.
Rasgue bem a papelada, inclusive as fotos,
coloque dentro sacos plásticos resistentes e quando o caminhão de lixo passar
na frente de sua casa ou prédio, entregue ao lixeiro e diga em silêncio, porém
para Deus ouvir: “Passado, você não me pertence mais, ficou para trás, perdido
no tempo, não volta mais”!
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