Fechamento é tragédia anunciada do caos da saúde pública no Brasil |
Luís
Alberto Alves
Nesta semana o pronto-socorro da Santa Casa de
São Paulo, um dos maiores hospitais filantrópicos do Brasil, fechou suas portas
por falta de condições técnicas para atender a população carente e reaberto
hoje (24) após injeção de R$ 3 milhões do governo estadual. Segundo a
administração, a dívida da Santa Casa gira em torno de R$ 400 milhões, além de
R$ 50 milhões com fornecedores.
Não é novidade o que aconteceu. Há muito tempo
a Saúde está doente no País. Profissionais se deparam com falta de materiais
básicos, como seringas, luvas e medicamentos para primeiros socorros. Existem
casos de pacientes mortos por causa da ausência de remédios enquanto está
internado.
Nos finais de semana em São Paulo, metrópole
com 12 milhões de habitantes, virou rotina hospitais telefonarem para a Polícia
Militar e Corpo de Bombeiros alertando para que não tragam pacientes, pois eles
não serão atendidos por falta de condições técnicas. Mesmo casos banais como
linha de sutura de cortes às vezes sumiu do estoque e não foi reposta devido à
ausência de dinheiro em caixa.
A má administração provoca a saída de bons
profissionais na busca de melhores salários e condições ideais para exercer a
função. Isto ocorre de médicos a enfermeiros, técnicos de radiografia,
assistentes sociais entre outros. O ato extremo de fechar o pronto-socorro da
Santa Casa deve ser entendido como o “fundo do poço” da saúde pública.
Infelizmente o governo, tanto na esfera
municipal, estadual e federal, pouco fazem para resolver o problema. Parece que
existe o interesse de manter a população doente, visando evitar críticas à
gestão. Nas diversas regiões da capital paulista onde há hospital público
estadual, a mesma situação ocorre. Corredores cheios de pacientes, amontoados
em macas, alguns deitados no chão e outros a espera de atendimento.
Em diversos hospitais do País os pacientes ficam amontoados pelos corredores |
Fazer exames como ultrassom ou que exijam
grande complexidade é exercer a paciência ao limite. Espaços na agenda variam
de três meses a um ano, quando se trata de casos de próstata. Com 200 milhões
de habitantes, o Brasil tem apenas 376 aparelhos de radioterapia destinados aos
pacientes que desenvolveram câncer e requer esse tipo de tratamento.
Numa avaliação superficial parece que existe o
propósito de sucatear a rede pública de saúde para empurrar a maioria da
população aos braços dos hospitais privados, onde qualquer atendimento é pago.
Quem não tiver dinheiro morre. Como ocorreu com um vigilante que perdeu a vida
no portão de um hospital particular na Zona Leste de São Paulo. Passando mal, os
funcionários do local informaram que ele não poderia ser atendido, só na rede
pública.
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