O MMA trouxe para atualidade a barbárie existentes nas lutas de gladiadores da época do império romano |
Luís Alberto
Alves
O que era ruim ficou pior: a Assembleia
Legislativa de São Paulo aprovou o Projeto de Lei 767/2013, autoria do deputado
Leandro KLB, dispondo sobre regulamentação do exercício e autorização de
eventos de MMA (Artes Marciais Mistas do inglês Mixed Martial Arts). Para quem
adora ver sangue jorrando do rosto de lutadores, essa Lei mais parece prato com
bife mau passado.
Já virou rotina na televisão assistir ao show
de pancadaria oferecido pelos simpatizante desta nova forma de gladiadores, que
na época do Império Romano entravam nas arenas e saciava a vontade da plebe ao
tirar a vida do adversário a socos e golpes de bastões, espadas ou maça (bola
cheia de pregos). Quando sangue jorrava do rosto do pobre infeliz, o público
vibrava nas arquibancadas e o governante prosseguia no mandato, pois a sede de
rebelião era aplacada.
Hoje, a arena é visualizada por milhões de
telespectadores. O cidadão pacato do escritório, no sofá de sua casa esmorra a
mesa, grita e torce para um dos lutadores de MMA acabar com o outro. Quanto
mais desfigurado ficar o seu corpo, melhor é o espetáculo. Apesar dos
desmendidos dos organizadores, é algo sem regras, visto que o adversário em
desvantagem, mesmo caído, continua recebendo golpes até ficar desfalecido. Isto
não ocorre no boxe.
O MMA mistura diversos tipos de artes
marciais, como boxe, jiu-jítsu, karatê, judô, muay thai. Mas a bárbarie é a
mesma: é preciso bater no oponente para a plateia ver o sangue jorrar do corpo
dele. Seria a válvula de escape para uma parcela da população que defende o
extermínio como política de segurança pública. A velha máxima de que bandido
bom é criminoso morto, enterrado de pé, para não tomar lugar no cemitério. Algo
doentio.
O MMA passa a mensagem subliminar aos
adolescentes e jovens de que as diferenças de ideias devam ser resolvidas na
truculência, socos e ponta pés. A força precisa deixar em segundo plano o
diálogo. Isto já fica visível na rebelião dentro dos lares, com vários filhos
enfrentando os pais quando contrariados nos seus desejos.
Nosso mundo precisa de paz, não de regularmentação
do instinto de violência. Mas o que esperar de um governo responsável pela
adoção de política de segurança pública, onde os moradores da periferia são
tratados como foras da lei? Gestão que coleciona elevado número de mortos pela
polícia, sem qualquer tipo de prova revelando a ligação da vítima com o crime,
só pode sentir prazer neste tipo de luta.
O MMA ajuda saciar a sede de sangue do governo
preocupado apenas na defesa da elite, esquecendo da maioria da população
composta de cidadãos honestos e trabalhadores. O erro deles é morar, por falta
de condições financeiras, na periferia. Ali, infelizmente a polícia considera
todos suspeitos, mesmo alguém sem qualquer ligação com criminosos. É bem
provável que o governador Geraldo Alckmin (PSDB) sancione essa bárbara lei.
Infelizmente!
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