Luís
Alberto Alves
Por causa da escassez de chuva, algumas
cidades paulistas sofrerão racionamento de água, talvez no esquema 5 x 1, ou
seja: cinco dias sem para um com abastecimento normal. Como a corda arrebenta
do lado fraco, sempre, a periferia vai pagar o pato, servindo de boi de piranha
em detrimento de outros setores da população.
Há muito tempo a Sabesp (Saneamento Básico de
São Paulo) bate na tecla de que os imóveis residenciais consomem grandes
quantidades deste líquido precioso. Não é verdade: a indústria é voraz nesta
sede. Mas esse assunto pouco é abordado. Talvez para não levantar críticas ao
segmento empresarial.
A maioria das pessoas
desconhece que para produzir uma tonelada de aço, são necessários 85 mil litros
de água. Este produto é usado em montadoras de automóveis, fábricas de
eletro/eletrônicos, ambos geradores de muito dinheiro em impostos. Na refinação
de petróleo um barril refinado, de onde sairá a gasolina ou óleo diesel, são
consumidos 290 mil litros para um tonel de 120 litros de combustível.
Na indústria têxtil, 1 milhão de litros de
água é responsável por uma tonelada de tecido. Já mil quilos de papel precisam
de 250 mil litros no processo de produção. Para quem gosta de beber cerveja,
cem litros da loira gelada precisam de 2 mil litros de água para ela se tornar
realidade, no final do processo, nas mesas dos botecos. No frigoríficos um
animal abatido, seja boi ou porco, são gastos 300 litros de água.
Os exemplos citados acima revelam que a
política de racionamento bate forte no lado fraco. Uma família de quatro
pessoas nunca vai gastar 250 mil litros de água diariamente. Essa quantidade de
água é suficiente para abastecer várias casas ou apartamentos. Pegando como
exemplo caixas de água de mil litros, serão 250 destes recipientes em cada
residência. Ao passo que numa indústria, essa quantidade de água sai dos
imensos reservatórios de capacidade gigantesca de armazenagem.
Infelizmente o segmento empresarial, com
argumento de que são geradores de empregos e impostos, consegue obter sinal
verde para continuar sugando milhares de litros de água todos os dias, enquanto
os moradores da periferia precisarão arcar com o castigo do racionamento sob
argumento de que os reservatórios estão em situação crítica. Mas quem é vilão
dessa história: quem consome 250 mil litros por hora ou o imóvel residencial que
durante um mês gasta 25 mil litros?
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