O adolescente do século 21 é extremamente egocêntrico |
Luís Alberto Alves
“O filho como
funciona essa ferramenta aqui no celular”, pergunta o pai para o garoto
adolescente, esperando ouvir algo agradável.
“Puxa! Vocês não
sabem nem usar um celular. O geração burra! É só apertar aqui, que é possível
baixar as fotos! Credo”, responde o menino, de pouco mais de 12 anos, batendo a
porta do quarto, para continuar diante da tela do notebook em contato com outros
colegas adicionados em sua rede social.
“Mãe eu quero aquele último modelo de Ipad que
foi lançado semana passada nos Estados Unidos”, pede uma garota, de 15 anos, na
crista da rebeldia adolescente.
“Filha, o dinheiro está curto. Tanto de minha
parte quanto de seu pai. Você se esqueceu da fortuna gasta na festa de 15 anos,
dois meses atrás, por tua exigência?”
“Vocês fizeram a festa por que quiseram. Por
mim não participariam daquela caretice, cheia de gente velha. Um horror”!
Respondeu a menina, com rosto vermelho e prestes a explodir de raiva.
“Engraçado, os velhos
foram convidados por você. Todas as colegas de sua escola e alguns da
vizinhança. O mais idoso ali, não passava dos 19 anos”, ironizou a mãe.
“Puxa, você e o pai
são caretas demais. Vivem curtindo essa babaquice de Gilberto Gil, Caetano
Veloso, Jorge Benjor. Tudo museu. Para mim estão mortos, só falta enterrar”,
retrucou. “Além do mais, a festa já é passado. Vejo agora o futuro. E nele preciso
desse novo modelo de Ipad. Do contrário, o que meus colegas de colégios vão
dizer de mim”?
“Engraçado. Você só
sabe pedir, mas não ajuda em nada. Não lava nem a meia e a calcinha que usa.
Quando toma um copo de suco, a preguiça não permite que ele seja lavado, onde
está a solidariedade menina”, questionou a mãe.
“Esse negócio de lavar roupa e louça é coisa
de velho, dos anos 90. Agora estamos no século 21, futuro. Não quero estragar
minhas unhas com detergente ou sabão em pó. Aliás, eu vou me casar com alguém
muito rico, para nunca ser obrigada a lavar uma xícara”, disparou, correndo em
direção ao quarto para fugir às perguntas da mãe.
O adolescente de hoje é diferente das décadas
de 1960, 1970 e 1980. São, segundo alguns psicólogos, extremamente
egocêntricos. Deixam em segundo plano o relacionamento solidário. Tratam os
pais como se fossem empregados. Obrigados, em algumas vezes, a comprar
presentes caríssimos para poucos dias depois, ficar jogado de lado. Confundem
liberdade com libertinagem. Acreditam que o mundo precisa ficar de joelhos
dobrado diante deles.
As meninas, ainda na faixa de 12 anos, passam
a se comportar como mulheres adultas, carregando na maquiagem e roupas
sensuais. Muitas delas, principalmente na periferia das grandes cidades
brasileiras, com essa idade, já mantiveram várias relações sexuais, grande
parte sem preservativos. Quando engravidam, deixam o bebê com os pais ou
trancados em casas, para continuar curtindo os bailes realizados nas ruas.
Os meninos, impossibilitados de trabalhar
antes dos 16 anos, passam a infernizar os pais para comprar roupas e calçados
de grife, geralmente caros. Quando não conseguem entram como entregadores de
drogas, os conhecidos vapores, do crime organizado, ganhando em média R$ 600
semanais.
Para o adolescente desta época atual, a imagem
é o mais importante. Mesmo deixando a saúde em segundo plano. É moda entre
meninos e meninas usar aparelhos para correção dos dentes. O problema é que não
consultam dentistas, colam o dispositivo usando produtos da construção civil e
fios de vassoura piaçava para segurar as borrachas. Mesmo no frio, as garotas
utilizam bermudas ou shorts curtos e camisetas top, deixando a barriga de fora.
O risco de desenvolver pneumonia é ignorado.
No absurdo do narcisismo, eles se consideram
velhos aos 18 anos. Procuram a todo custo evitar a chegada da maioridade, e
quando ela aparece, continuam agindo como se fossem crianças, fugindo da
responsabilidade com a família e até mesmo no emprego, quando entram no mercado
de trabalho. Pretende a todo custo que o mundo continue girando ao redor deles,
deixando de lado o sacrifício que todo pai e mãe faz para manter de pé um lar.
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