Dinheiro sujo, na maioria das vezes, é usado para financiar campanhas políticas |
Luís Alberto Alves
A coleta de assinaturas para abertura da CPI
(Comissão Parlamentar de Inquérito) da Petrobras, trazendo no bojo
investigações sobre supostas propinas pagas na compra de trens para o Metrô de
SP virou pesadelo para doadores de campanha políticas. O caldo ficou mais
quente após a prisão de um doleiro em Curitiba, acusado, segundo a Polícia
Federal, de lavar cerca de R$ 10 bilhões.
CPI é igual ditadura, sabe como começa, mas
ninguém conhece o final. Ele pode ser escabroso para quem aproveita a época de
eleições para lavar dinheiro sujo obtido de forma ilícita. Os parlamentares aterrissados
no Congresso Nacional têm noção do vespeiro onde estão colocando as mãos. Dali
pode sair insetos que tenham grande poder de ferroar, deixando dores intensas
na mente e bolso.
Afinal de contas grande parte da classe
política é envolvida em transações escusas. É ingenuidade crer que alguém gaste
mais de R$ 700 mil ou até R$ 1 milhão para conquistar uma cadeira de deputado
federal para ganhar “simplórios” R$ 26 mil mensais. Tudo para defender as reivindicações
populares. Balela, a maioria pretende chegar ao Congresso para servir de ponta
de lança do crime organizado e ganhar bastante dinheiro, depositado em paraísos
fiscais.
O governo pode ser provocado, porém goza da
prerrogativa de abrir parte da caixa preta envolvendo doações para diversos
partidos políticos, com parlamentares eleitos naquela Casa. E desse arquivo
pode sair informação suficiente para mandar muita gente ao presídio da Papuda
em Brasília ou mesmo Bangu 1, no Rio de Janeiro, ou de Presidente Wenceslau, em
SP.
Aliás, numa das visitas de uma comitiva de
deputados ao local onde a liderança do PCC cumpre pena, eles foram interpelados,
no quesito honestidade. Marcos Camacho, o Marcola, chefão dessa facção
criminosa, disse em alto e bom som, que os políticos não tinham moral para
ditar regras a eles, pois também eram bandidos, só que de colarinho branco. Foi
mais longe ao dizer que alguns deles os procuravam na época de eleição na busca
de dinheiro para manter a campanha nas ruas.
Como se vê, o medo dos doadores tem
procedência, por que desse aperto investigativo podem sair dados sigilosos para
complicar cidadãos acima de qualquer suspeita. Do executivo de fachada, fã de
sapatos italianos, caros perfumes franceses, bons ternos de grife ou confeccionados
em alfaiatarias requintadas, automóveis importados de alto valor e de
coberturas gigantescas em apartamentos situados nos bairros top de linha do
Brasil e até do Exterior.
No submundo do crime organizado, perigoso não
é o lambari que troca tiros nas favelas de São Paulo e Rio de Janeiro. Coloca
medo na sociedade é o tubarão, as personalidades ocultas, boa pinta, aparência
de excelente chefe de família, com filhos estudando em colégios e universidades
de elite. Alguns até aparecem nas colunas sociais apresentando a riqueza obtida
a custo de milhões de viciados nas drogas que eles despejam nas festas,
principalmente da periferia, e grandes eventos, como Carnaval.
São essas pessoas que abrem o cofre para abastecer
as campanhas políticas, seja dos partidos de direita ou esquerda, visto que
dinheiro desconhece ideologia. Jogam pesado. O importante é seus representantes
marcar forte presença no Congresso Nacional barrando qualquer alternativa que
visem endurecer as regras da Justiça contra os criminosos, principalmente os de
colarinho branco.
Como dizia um colega de labuta: “em puteiro
não existe mulher virgem”. Ou seja, o mais “santo” que circula na capital
federal do poder político brasileiro empurra a mãe de cadeira de rodas na
descida ou enfia linha na agulha com a mão numa luva de boxe. Ali é inexistente
pessoas inocentes. Cada um tem noção exata do que pretende. O poder, neste
caso, infelizmente é utilizado para o mal da população.
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