Luís Alberto Alves
A morte do operário Fabio
Hamilton da Cruz no sábado (29) após sofrer uma queda nas obras do estádio do
Corinthians em Itaquera, Zona Leste, revela a bagunça que se tornou a reforma e
construção desses templos do futebol para a Copa do Mundo, que começa daqui a
70 dias.
Segundo familiares da vítima, já
existiam reclamações a respeito da segurança. Há caso de funcionário que perdeu
os dedos durante o serviço. Cruz caiu de uma das estruturas provisórias do
estádio, numa altura de 8 metros. O rapaz dizia que era difícil se locomover no
local alto para colar as arquibancadas provisórias.
Mas o balaio de gato é com as
empresas que contratam os operários para a obra. A empreiteira Odebrecht disse
que não tem responsabilidade nas instalações temporárias. Jogou a bomba para a
AmBev (fabricante de bebidas). Ela contratou a Fast Engenharia e essa contratou
a WDS para registrar os funcionários dessa construção mais parecida com
cemitério, por causa das mortes ali ocorridas (Cruz é o terceiro a morrer).
Quem ganhou a licitação para
fazer a obra no estádio do Corinthians foi a Odebrecht, mas por razões que
talvez só a Fifa tenha conhecimento, ela terceirizou o restante. Algo parecido
com o restaurante que contratou um cozinheiro famoso, mas quem coloca as mãos
na massa são outras pessoas admitidas para pegar no pesado. O seu talento só
desponta nos pratos finos.
A bagunça é tamanha que aparecem
quatro empresas para fazer o mesmo serviço de construção civil. Pelo dinheiro
gasto nesta obra que mais parece uma pirâmide, que demora tanto tempo para
ficar concluída, este tipo de problema não poderia ocorrer. É tanto esquema que
a vítima tinha função de montador, mas o registro na carteira era de ajudante
de montagem.
Fiscais do Ministério do Trabalho admitiram que existem diversas
irregularidades na construção. Se fossem para bater pesado, ela sofreria
embargo, mas como é o estádio escolhido para abertura da Copa do Mundo, várias
falhas estão sendo deixada de lado.
O problema é que a pressa e o
medo dos funcionários de perder a vida podem provocar mais acidentes fatais. Tudo
isso revela que o importante para a Fifa e o governo brasileiro é colher os
louros e, claro, a fortuna gerada por uma Copa do Mundo, onde a maioria dos
brasileiros vai assistir aos jogos pela televisão, porque os ingressos caros
não permitirão ver as partidas nos estádios. É até melhor, pois ninguém garante
que eles estejam seguros para receber milhares de torcedores.
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