Muitos jovens entram na criminalidade em busca das facilidades que encontrou em sua casa |
Luís
Alberto Caju
Há dois
caminhos certeiros para jogar um filho nas mãos de criminosos. O primeiro é não
dar qualquer atenção a ele. Nunca ter tempo para jogar futebol ou passear.
Ficar concentrado nos assuntos relacionados ao serviço. Recusar qualquer tipo
de contato, após a chegada do trabalho.
Na adolescência continuar evitando diálogo,
apenas se concentrando em ditar regras de bom comportamento. Tudo de forma
ditatorial. Mesmo quando o garoto ou a garota tiver qualquer dúvida, ficará com
medo de falar. É a reta fácil para ouvir os conselhos errados vindos da rua. Infelizmente
ela sabe como conversar com quem não encontra comunicação dentro da própria
casa.
Perfumes
caros
A segunda avenida para entregar o filho (a)
para o lado errado da vida é suprir todos os seus caprichos. Até os mais
absurdos. Como aparelhos eletrônicos de valor elevado e top de linha, tênis ou
sapatos finos, roupas de grife, perfumes caros, além de bastante dinheiro para
as famosas baladas.
Dentro de casa não deixe eles lavarem um copo
ou prato onde comeu. Jamais permita que passem suas próprias roupas nem as
lavem. Limpeza doméstica é algo que deve passar longe dos amados (a). Arrume a
bagunça deles sempre. Mesmo quando deixam blusas na sala, os calçados na
cozinha, os cadernos e livros jogados sobre a cama.
Território
fechado
Transforme os quartos dos seus filhos num
território fechado. Como pai ou mãe peça licença para entrar, principalmente
quando tiverem navegando na internet. Nunca demonstre interesse pelos sites que
eles visitam diariamente, mesmo que seja de pedófilos ou de grupos
simpatizantes pela liberação de drogas no País. Jamais pergunte quem são seus
amigos, onde moram e o que fazem os seus pais.
Desta forma eles crescerão com a imagem
distorcida de que o mundo será igual os pais, que satisfaz todas suas vontades.
Logo descobrirão as duras regras impostas pela vida. A primeira dela é no
vestibular, onde só entra em boas faculdades quem estuda muito. Quando lá
estiver precisará tirar notas excelentes para sair diplomado.
Cumprimento
de prazos
Ao chegar ao mercado de trabalho, logo perceberá
que o chefe não amacia com nenhum funcionário. Dependendo da função exigirá
cumprimento de prazos e produção. Do contrário será demitido. Ali ninguém
passará as mãos na sua cabeça. Quem foi muito mimado em casa vai estranhar este
“mundo novo”. Não são novidade, apenas as regras da vida.
A prostituição é o caminho escolhido por jovens mulheres em busca de dinheiro sem esforço |
Caso a mente desse jovem seja fraca, logo
mergulhará no mundo do crime, em busca do dinheiro fácil. Já as meninas terão
forte queda para se prostituir, também visando obter bom padrão sem esforço. Esses
dois caminhos são perigosos: roubar ou traficar drogas resultam em cadeia.
Prostituição anda de braços dados com doenças sexualmente transmissíveis graves,
como a Aids. Tudo por que pais irresponsáveis não souberam passar os
fundamentos básicos da educação dentro de casa.
Paz
e amor
Antes da década de
1970, era forte a repressão da família sobre as crianças. Como a maioria das
mães ficava em casa, qualquer deslize resultava em punição. Ela poderia sofrer
acréscimo com a chegada do pai à noite. Ou seja, a rédea tinha tamanho curto
tanto para meninos quanto para meninas. A liberdade dentro de casa existia sob
vigilância dos pais.
Os filhos que nasceram de 1970 em diante
pegaram o sopro do movimento Paz e Amor, iniciado pelos hippies nos Estados
Unidos, que pregavam relacionamento livre. Assim como o consumo de drogas sem
qualquer tipo de remorso. Para essa geração, os pais deveriam ser democráticos com
os filhos. Amenizaram na cobrança de regras básicas.
Uma das regras do movimento hippie era criar os filhos sem impor deveres duros de educação |
Horário
flexível
Nesta espiral, as crianças e adolescentes
ganharam liberdades que seus avós (quem nasceu na década de 1950 e 1960) não
tiveram. Podiam sair e chegar em casa a hora que desejassem. Tudo em nome da
liberdade. Com a chegada da pílula anticoncepcional e depois da massificação do
preservativo as relações sexuais não ofereciam mais o medo da gravidez
indesejada.
Da década de 1990 em diante, muitos jovens
adotaram o comportamento de que o mundo precisa cumprir os seus caprichos.
Qualquer tipo de conversa dura é considerado como repressão de direitos. Filhos
passaram a agredir pais dentro de casa e até abandoná-los em casas de repouso.
Prevalece o individualismo. O importante é ter no lugar do ser.
Falta
de fidelidade
O culto à beleza é incentivado por diversos
programas de televisão. Dentro das empresas são poucos os funcionários nesta
faixa etária que permanece muito tempo no local, mesmo quando passaram por
investimento profissional para ocupar determinado posto. Ao tomar conhecimento
de outro posto, ganhando salário maior, pedem a demissão rapidamente.
Nesta geração os relacionamentos são baseados
no interesse. Regra aplicada a homens e mulheres. O trampolim social é o mais
praticado, desde a faculdade ao mercado de trabalho. Não há preocupação com
futuro. Tudo se resume ao presente, como se o mundo fosse acabar agora. Esse
imediatismo é fruto da geração pós década de 1970, que apostou no “liberou
geral”. Em vez de abrir a porteira devagar, resolveram arrancá-la.
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