Luís
Alberto Alves
Enquanto os
pancadões estavam restritos à periferia ninguém ligava. Muito menos ganhava
espaço na grande mídia. Pela lógica dos grandes veículos de comunicação, pobre
só é notícia quando tem desgraça como produto final. Do contrário é perda de
tempo. O mesmo raciocínio é aplicado a essas festas.
Agora água
ultrapassou a cintura nas residências próximas às faculdades, principalmente as
de grande porte, caso da PUC nas Perdizes, São Judas Tadeu, na Mooca, e
UNI-FMU, bairro da Liberdade. Depois das aulas, carros dotados de som potente
despejam música em volume bem alto.
Até início da
madrugada ninguém consegue dormir. A PM é chamada para acabar com a bagunça,
usando spray de pimenta, bombas de gás carbônico. Neste caso, é proibido bater.
São filhinhos da burguesia. O sistema é invertido. Na periferia o couro come,
na cidade ele faz jejum.
Pimenta nos olhos
alheio é doce. Já faz tempo que na periferia as pessoas não podem dormir de
sexta-feira para sábado e de sábado para domingo. Encontram dificuldade para
entrar na rua onde moram, nem sequer conseguem estacionar o carro na garagem.
Se reclamam são ameaçados pelos donos das biqueiras. Já nos pancadões
universitários é a grana que fala alto.
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