O segundo gol do Uruguai, na final de 1950, que calou o estádio do Maracanã tirando o primeiro título do Brasil |
Luís
Alberto Alves
A maioria dos brasileiros conta como certo o
Brasil hexacampeão nesta Copa do Mundo, para redimir do fracasso da perda do
título em 1950, no mesmo estádio do Maracanã, onde será disputada a final em
julho. Mas a conquista deste título interessa não só à seleção, mas
principalmente ao governo federal. Até para justificar o “mar” de dinheiro
gasto na construção e reforma de estádios nas 12 sedes espalhadas pelo País,
algumas delas sérias candidatas a elefantes brancos após o término do
campeonato.
Hoje, as manifestações são contra os gastos
exorbitantes para satisfazer o desejo da “honestíssima” Fifa, que conseguiu
enfiar goela abaixo do Brasil a venda de cerveja no interior dos campos de
futebol, atualmente proibida. O banco de dinheiro de Blater e companhia fizeram
inúmeras exigências para levar o maior volume possível de grana, livre de
impostos.
Como já faz muito tempo que a prerrogativa de
jogar bem deixou de ser dos nossos craques, tudo pode acontecer quando a bola
começar a rolar. Ninguém pode desprezar o potencial das seleções da Alemanha,
Holanda, Espanha, Itália, Inglaterra, Portugal e Argentina, e claro, o Uruguai
que levantou a taça de campeão mundial em 1950, ao fazer dois gols no Brasil,
que antes da partida já era considerado o dono do título mundial.
É ingenuidade acreditar que futebol não anda
de mãos dadas com a política, principalmente em nosso País. É só reparar na
presença dos cartolas dirigindo a maioria federações e na própria CBF, onde o
amante da ditadura militar de 1964, José Maria Marin colocou as mãos. Crer no
contrário é achar que Papai Noel e Fadas Madrinhas existem. O senador Zezé
Perrella é presidente do Cruzeiro de Belo Horizonte, o crápula Eurico Miranda
ensaia o retorno ao Vasco da Gama, onde esteve à frente no início dos anos
2000.
Caso o Brasil seja hexacampeão todos os
políticos vão aparecer como os pais da criança. Se ocorrer o oposto, até a
reeleição da presidente Dilma Rousseff pode virar vinagre. Para muitos, ela vai
levar a culpa do time comandado por Felipão ter deixado o título escapar das
mãos dentro de um Maracanã superlotado. O mundo cairá sobre sua cabeça e o
governo arcará com a culpa dos gastos exorbitantes para trazer essa máquina de
dinheiro da Fifa.
Inúmeros protestos invadirão as ruas, bancos e
lojas serão depredados, ônibus queimados, jogadores acabarão acusados de corpo
mole e xingados de mercenários. Na visão de muitos torcedores, Neymar e
companhia ganham bastante dinheiro para entrar em campo e não fazer gols, que
qualquer cidadão, mesmo sem qualquer preparo físico, colocaria no fundo das
redes. Os telejornais inundarão a programação com programas debatendo as causas
da perda de um título dentro de casa. Para fechar o ciclo, a tropa de choque da
PM, em nível de Brasil, terá trabalho extra. Afinal de contas serão milhares de
revoltosos de plantão descarregando sua ira nas ruas.
Até mesmo a infelicidade de estar desempregado
ou doente, jogando a culpa no governo, como se ele fosse o único culpado pelo
fracasso da seleção brasileira. Infelizmente o brasileiro é emotivo demais.
Despreza a razão. Os sensatos sabiam que o nosso país não tinha condições de
sediar esta Copa do Mundo. Mas o orgulho e burrice falaram alto. Assinaram a
fatura de algo que não poderiam pagar. Agora não podem chorar o leite
derramado. Nesta confusão todos estão incluídos, até você leitor que ficou
feliz quando soube que em 2014 nós teríamos uma Copa do Mundo. Agora agüenta o
chumbo!
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