O mercado do tráfico de cocaína movimenta milhões de dólares em todo o mundo |
Luís Alberto Alves
Hoje (23) uma notícia me chamou a atenção:
Operação Águas Profundas desencadeada pela Polícia Federal visa desarticular quadrilha
especializada em tráfico internacional de drogas. Os bandidos procurados atuavam
em mais de 30 países, como Holanda, Estados Unidos, China, França, Espanha,
Itália, Coréia entre outros. Os criminosos teriam patrimônio avaliado em cerca
de R$ 100 milhões. Eles planejavam criar uma companhia aérea de fachada, e usar
as aeronaves para transportar droga ao Exterior.
O líder desse império do crime é Mario Sérgio
Machado Nunes, o Sérgio Careca, atuando no mundo do tráfico de entorpecentes há
mais de 30 anos. Ele seria credor do chefe da quadrilha Los Urabeños, Henry de
Jesús Lopez Londoño, considerado o maior fornecedor de cocaína do grupo
mexicano Los Zetas. Imagino como pode um verdadeiro gangster atuar durante
tempo superior a três décadas na venda de droga e não estar apodrecendo atrás
das grades.
A ficha criminal de Nunes é extensa. É acusado
de comandar a conexão internacional Colômbia/Suriname, na avaliação da CPI
(Comissão Parlamentar de Inquérito) do Narcotráfico. Ele teria envolvimento com
quadrilhas de tráfico de armas, incluindo vários países da América do Sul e
África. Além de estreita ligação com grupos guerrilheiros colombianos, como as
Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), na troca de fuzis AR/15,
granadas e foguetes de combate antiáreo) por cocaína.
Quatorze anos atrás o quilo deste pó maldito
pago com armamento custava US$ 500. Em dinheiro saia por US$ 1.000,00 e no
mercado de consumo chegava a USS 35 mil no Exterior. Em 1998 a polícia prendeu
o comerciante libanês Ahmad Hassan Assad no Maranhão, com 141 quilos de
cocaína. Ele confessou que a droga tinha sido encomendada por Nunes, conhecido
no mundo do crime como Sérgio Careca.
Em 2008 o STF (Supremo Tribunal Federal)
concedeu parcialmente habeas corpus para Nunes apelar de uma condenação à pena
de 10 anos, 10 meses e 20 dias de prisão regime fechado pelo crime de tráfico
internacional de drogas. O receio dos ministros do STF era de Nunes fugir. Dono
de dois aviões usados para transportar cocaína, ele é acusado pela Interpol de
levar 73 quilos da droga do Brasil ao Cabo Verde. Os vários requerimentos de
passaporte em seu nome provam que Sérgio Careca continua no mundo do crime. A
polícia apurou que um dos carregamentos custou US$ 270 mil (R$ 540 mil).
Em 2014 a CPI do Tráfico soube, por meio de
dois advogados que defenderam Nunes, quando foi preso na Ilha de Cabo Verde com
70 quilos de cocaína. Mas a forte influência do narcotráfico internacional
conseguiu fugir da penitenciária daquele país. Impedido de movimentar contas
bancárias no Brasil, ele usa diversos “laranjas” para se manter financeiramente.
Esperto não deixa nada em seu nome, mas de familiares.
Quase trinta anos atrás ele trabalhava de
contabilista em Ribeirão Preto (SP), quando veio de Pernambuco. Depois comprou
uma microdestilaria, uma empresa de rolamentos e uma indústria de cozinha.
Depois entrou no mundo do crime e dele nunca mais saiu. Durante algum tempo fez
lobby em Brasília e manteve relações com deputados e senadores, inclusive Jader
Barbalho (PMDB/PA).
O que causa estranheza é um criminoso de
extensa ficha criminal, atuando há mais de 30 anos no tráfico de drogas,
continuar longe das prisões de segurança máxima. Por outro lado o usuário de
maconha, pego com uma bituca desse cigarro, termina a vida no xadrez, misturado
a bandidos perigosos. O mesmo ocorre com alguém flagrado com um papelote de
cocaína. Parece que a Justiça tem medidas diferentes ao usar seu critério
punitivo em relação aos mafiosos de forte influência no narcotráfico.
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