Luís Alberto Alves
Nos meus 30 anos de
jornalismo, três deles dedicados às reportagens de Segurança Pública acabei
conhecendo como funcionam os presídios ou cadeias, no linguajar popular. Não
importa a denominação, seja administrada pela Polícia Civil ou Federal, o mesmo
esquema prevalece: quebrar o orgulho do preso.
O banho é coletivo.
Num determinado horário, os detentos vão para um enorme cômodo, onde diversos
chuveiros estão instalados lado a lado. Ali, todos nus são obrigados a se
banhar. Do contrário, vão continuar imundos durante o restante do dia.
As refeições não são
individuais. É a mesma para todos. A cama é um colchonete em cima de uma barra
de concreto colada à parede. Ninguém pode dormir até tarde. Acordam no mesmo
horário. Agredir verbal ou fisicamente carcereiros, diretor ou funcionários do
presídio, aumenta o rigor do tratamento.
Calculo que logo o
ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB/RJ) abrirá a boca. Vai falar tudo o que o juiz
federal Sérgio Moro já sabe por meio das investigações da Operação Lava Jato. É
melhor ficar até dez anos neste inferno do que passar 30 ou mais anos vegetando
na selva chamada cadeia.
A deleção premiada
existe para suavizar a vida do preso. Contar o que a Justiça espera e ganha o
bônus de reduzir o sofrimento. Imagine alguém acostumado a almoçar e jantar em
restaurantes de luxo, sendo obrigado a engolir as famosas quentinhas e beber um
copo de suco de caixinha para matar a sede? Ali não é permitido trazer
refeições de fora.
Como é um arquivo
vivo, Eduardo Cunha não terá dó dos políticos que o jogaram na lama. O próprio
presidente Michel Temer precisa colocar a barba de molho. A sujeira de Cunha
vai atingi-lo e talvez começar a derrubar o seu governo. Afinal de contas,
detento não tem mais nada a perder. O de mais valioso já não faz parte de sua
vida: a liberdade!
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