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Maioria dos presos foi fuzilada dentro das celas do Pavilhão Nove a tiros de metralhadoras e pistolas |
Luís
Alberto Alves
O dia 2 de outubro de 1992 era
uma sexta-feira. Porém diferente das demais: aquela data ficaria marcada como a
chacina do Pavilhão Nove, na então Casa de Detenção, que ficava no terreno onde
hoje existe o Parque da Juventude, no Carandiru, Zona Norte de SP. Oficialmente
a tropa de choque da PM, sob comando do major Ubiratan, executou 111 detentos.
Extraoficialmente teriam morrido 354 presos, a maioria fuzilados a tiros de
metralhadores e pistolas automáticas, amontoados nos cantos das celas.
Passados 23 anos, a cada semestre temos uma
chacina igual à do Pavilhão Nove acontecendo...nas ruas. Os primeiros sete
meses de 2015, de acordo com dados da Ouvidoria das Polícias e do Instituto Sou
da Paz, registram 494 homicídios atribuídos apenas a policiais. Este número é
três vezes maior do que as execuções ocorridas dentro da Casa de Detenção.
Em 2014, entre janeiro e junho, a PM matou 317
pessoas, maior do que no primeiro semestre de 2003, quando 399 assassinatos
foram cometidos por agentes do Estado, pagos para proteger a população, mas que
às vezes funcionam como exterminadores de vidas.
Nos bairros da periferia de São Paulo é
perigoso andar à noite, principalmente quando a futura vítima for negra e
jovem. Caso encontre pela frente carros da Força Tática ou da Rota (Rondas
Ostensivas Tobias de Aguiar) é grande a chance de entrar nestas macabras
estatísticas.
Parte da população aplaude o modo de agir da
PM. Segundo os Boletins de Ocorrência, os mortos teria reagido à abordagem e no
revide morreram. Infelizmente diversos inocentes, muitos trabalhadores, perdem
a vida e no depoimento dos policiais são transformados em bandidos, mesmo com
carteira registradas.
Talvez o avanço da criminalidade tenha
retirado de muitas pessoas o bom senso. A capacidade de raciocinar de que não é
função da PM executar, mas repreender a criminalidade, levando os suspeitos até
as delegacias para que sejam detidos e depois julgados. É perigoso quando a
sociedade atinge este estágio, apostando na truculência como solução de
problemas sociais. É o caminho rápido para institucionalização da barbárie.
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