A reeleição de Dilma Rousselff começa correr perigo.... |
...com a ascensão da ambientalista Marina Silva.... |
...ocupando o lugar do tucano Aécio Neves |
Luís
Alberto Alves
A morte de Eduardo Campos, candidato do PSB na
disputa à presidência da República, mudou o quadro desta eleição. Ainda vivo,
tinha, segundo pesquisas, 9% contra 21% do tucano Aécio Neves e 36% da petista
Dilma Rousselff, visando se manter no cargo. Com grande chance de virar cabeça
de chapa, a ambientalista Marina Silva já ocupa o segundo lugar, empatada com
Aécio Neves.
Viajar no mesmo barco do PSDB é palpite fora
de cogitação nos planos de Marina. Da noite para dia, ela virou a terceira
opção dos eleitores cansados do binômio PT/PSDB. Quatro anos atrás o discurso
verde de Marina resultou em 19% dos votos. Colocada para escanteio no PT quando
Dilma foi cacifada por Lula para ocupar sua cadeira no Palácio do Planalto, é
difícil uma composição.
Entre os ambientalistas a presidente Dilma
Rousselff é vista como amiga dos ruralistas, numa agenda onde apenas o
agronegócio encontra espaço. Essa postura virou estopim das rusgas entre ela e
Marina, quando Dilma era ministra chefe da Casa Civil. As pautas do ministério
do Meio Ambiente, pasta ocupada por Marina, sempre encontravam enfrentavam
barreiras até virar realidade. Na maioria das vezes caiam antes de aterrissar
na mesa do então presidente Lula.
Para engrossar o eleitorado do PSB, o discurso
verde e a postura da sucessora de Eduardo Campos ganham simpatia numa parcela
de brasileiros cansados com o continuísmo petista no poder: estão a 12 anos no
governo. Algo parecido ocorreu no México, onde o PRI ficou 70 anos mandando
naquela nação.
Outro problema é que o PT perdeu a aura de
agremiação política acima de qualquer suspeita. Nessas três gestões estouraram
diversos escândalos, o mais famoso deles o do Mensalão. Em busca de apoio no
Congresso Nacional, Lula e Dilma fizeram alianças horrorosas: José Sarney,
Renan Calheiros, Jader Barbalho e Collor de Mello; quarteto conhecido pela
ficha respigada de sujeira na Justiça. Se fossem parlamentares na França ou
Estados Unidos já estariam na cadeia há muito tempo.
O tucano Aécio Neves dificilmente emplaca, por
causa do estilo playboy de vida, que não agrada a parte do eleitor conservador.
Pesam sobre ele denúncias de suposta dependência química, que até agora
continua nebulosa. Quando questionado sobre seus projetos, caso ganhe a eleição,
responde com discurso vazio. Se auto carimba como alguém incapaz de administrar
a sexta economia do mundo. Para complicar, o ex-presidente do Banco Central na
gestão FHC, Armino Fraga, respondeu que numa gestão Aécio Neves, o arrocho
salarial seria aplicado, principalmente reduzindo o percentual de reajustes do
salário mínimo.
Deixando de fora os votos nulos e brancos, a
entrada de Marina Silva possivelmente vai provocar dor de cabeça no quartel
general de Dilma Rousselff, talvez retirando a cereja do bolo de uma possível
reeleição. Não é desprezível a hipótese do tucano Aécio Neves começar voar baixo,
sepultando por enquanto o sonho de sentar na cadeira de presidente no Palácio
do Planalto que seu avô Tancredo Neves foi impedido pela morte em 1985.
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