No dia mau são poucos os amigos a estender as mãos |
Luís
Alberto Alves
Os grandes amigos são conhecidos e aparecem
nos momentos de dor, do contrário não passam de colegas, interessados na
mordomia proporcionada por sua companhia. Quando chega o final de ano é comum,
principalmente no trabalho, todos serem “amigos”. Tapinhas nas costas não
faltam, além de melosos elogios. Nosso ego fica tão inflado que corremos o
risco de morrermos de explosão.
Dentro dos bares, com a mesa repleta de
cerveja e tira gosto, a falsa amizade impera. Até os defeitos recebem elogios.
Afinal de contas o objetivo dos aproveitadores é encher a barriga sem colocar
um centavo para ajudar pagar a conta. A falta de malícia dificulta conhecer o
joio misturado ao trigo. Por causa do politicamente correto, fechamos nossa
boca evitando qualquer tipo de crítica.
Infelizmente o mundo é habitado por pessoas de
má índole. Interessadas apenas em sugar. Não há no coração deste tipo de gente
amor, apenas a doente vontade de levar vantagem em tudo. As modelos, atualmente
eufemismo de garota de programa, exercem esse papel de forma esplêndida. Juram
amores pelo homem mais feio e fedido da fase da terra, desde que sua conta
corrente esteja sempre abastecida.
Não se importa de pagar mico nas festas onde é
obrigada a comparecer para justificar o investimento na vida financeira do bobo
escolhido para ficar pobre após algum tempo. Estão ao lado do infeliz apenas
nos momentos de riqueza, de fartura e cartão de crédito de valor ilimitado para
comprar dezenas de sapatos, vestidos e perfumes. O filho de um bilionário
decadente levou um pé no traseiro após o pai começar a ficar pobre.
Sórdido
Quem se encaixa neste sórdido perfil são os
gerentes de bancos. Reparem que na época de muito dinheiro na conta, eles
tratam o cliente como reis. Atendem até fora do expediente. Dependendo da
quantia aplicada e disponível, a grana é entregue em casa ou empresa.
Exatamente como agem as prostitutas. Aceitam qualquer tipo de perversão durante
o relacionamento sexual, quando chegam às suas mãos altos valores.
Beijam a boca exalando mau hálito, fazem sexo
oral e aceitam qualquer tipo de posição e até satisfazem as mais estranhas
fantasias, desde que o dinheiro seja farto. Não é amizade ou amor esse tipo de
comportamento: é interesse. Algo mercantilista. Tudo movido para obter a maior
quantidade de dinheiro que possa ser obtida daquela pessoa.
No auge da carreira dos esportistas, sejam
jogadores de futebol, basquete ou vôlei, esses dois últimos nos Estados Unidos
e Europa, os atletas são cortejados por mulheres lindas, algumas delas
freguesas das capas das maiores revistas de moda do mundo. Fisgam o bobo com a
conversa de que estão apaixonadas. Engano! Visam apenas o dinheiro e a boa vida
que terão ao lado do otário, enquanto ele tiver ótima condição econômica e
fama. Depois será chutado para escanteio.
Fazem isso sem qualquer remorso. Ordinários
não sentem amor por ninguém. Ególatras adoram a sim mesmo. O mais importante é
estar bem financeiramente. Calculistas, aturam ficar ao lado daquele alguém até
concretizar a meta de arrancar o maior volume de dinheiro. Quando a fonte
estiver secando, pula do barco, como fazem os ratos ao sentir que o naufrágio se
aproxima.
Mau
Infelizmente só nos maus momentos é que
conhecemos os verdadeiros amigos. Pessoas preocupadas com nossa dor. Não medem
esforços para nos ajudar. Às vezes abrem mão do seu conforto para proporcionar
conforto a alguém afligido pela dor. Para elas o mais importante é fazer com
que você volte a ter força para continuar na caminhada.
Essas pessoas existem no trabalho, vizinhança,
faculdade ou mesmo dentro da igreja onde temos encontro com Deus. São sinceros.
Ajudam sem obter nada em troca. Também não abrem a boca para comentar que o dia
mau chegou a sua vida. Guardam para elas os terríveis dias que todos
atravessamos nesta vida.
São elas que nos dão
força para continuar na estrada, às vezes cheia de poeira da mágoa, do descaso,
da injustiça, do abandono e da infelicidade. Nesta sociedade consumista,
acabamos educados para vivermos apenas o melhor. Iludem-nos que estaremos
eternamente nos braços da bonança. Mentira. Existem as noites de fome. Do tempo
da fragilidade, onde desejamos o colo ou ombro amigo de alguém.
Os consultórios de psicanalistas estão cheios
de clientes que não agüentaram o abandono na hora má. De ficarem sozinhos na
batalha, quando necessitavam de ajuda, principalmente psicológica. Nem todos têm
estrutura emocional para permanecer de pé após a perda de um ente querido ou
até me
smo do trabalho onde imaginou que permaneceria vários anos até a
aposentadoria. Os verdadeiros amigos aparecem nesse delicado instante, para dar
a injeção de ânimo para nossas almas. Eles merecem o eterno carinho. São
verdadeiros.
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