Luís Alberto Alves
Nessa época viajava muito a Brasília, e percebia nos mais diferentes ministérios, que o pessoal não levava a sério a administração pública. Participei de grupo de trabalho que se reuniu quatro vezes em 12 meses e nada acabou aprovado. Valia apenas, ao governo, a chancela de que fazia algo.
Estive presente à cerimônia da passagem de cargo de ministro do Meio Ambiente de Marina Silva para Carlos Minc. Ali, Lula em poucas palavras rifou Marina e passou a cacifar Dilma como futura sucessora ao seu cargo. Arrogante e prepotente, às vezes sem educação com jornalistas em coletivas de imprensa, percebi que um barco furado seria colocado nas mãos dela.
Meses depois Marina saiu do PT e Lula prosseguiu viajando na maionese. Em vez de investir na aprovação de projetos relevantes, insistia em temas típicos de diretórios acadêmicos. Ignorou a direita conservadora e reacionária, que às vezes se veste de modernidade, mas permanece fã do atraso típico de uma sociedade colonial, saudosa da época da escravidão.
Veio o escândalo do Mensalão e Lula conseguiu passar pela barreira de fogo. Até chegar a Operação Lava Jato. Contra fatos não existe argumentos. Diversos políticos, inclusive do PT, foram pegos com a boca na botija da corrupção. Aos poucos o todo-poderoso Zé Dirceu percebeu que não adiantava mais mentir e caiu na real. A casa petista começou a desabar.
A mídia golpista e interesseira aproveitou a deixa e partiu para o ataque. Globo, que deve mais de R$ 600 milhões à Receita Federal, Editora Abril, outra pendurada nas mãos do Leão, junto com a Editora Três, dona do título IstoÉ, e Estadão, cada vez mais diluído financeiramente, não perderam tempo. Aproveitaram da burrice popular e passaram a atacar o governo Dilma.
Em vez de responder com trabalho, se preocupou em ignorar os fatos. Sem jogo de cintura, desprezou os movimentos populares, os sindicatos, e outras entidades representativas da sociedade civil organizada. Imaginou que teria força para enfrentar a direita reacionária, mas unida. Quando abriu os olhos, já era tarde. O navio estava afundando e acabou de chegar ao chão hoje (31) após o senado cassar o cargo de presidente da República.
Em qualquer fase da vida, não devemos jamais perder as oportunidades. O tempo não espera ninguém. Só anda para frente. Precisamos aproveitar, sem se preocupar com besteiras. Calculo que o PT entrou na fase de hibernação. Talvez daqui a 20 anos possa se reerguer. É o tempo necessário para profunda autocrítica. Não é vergonhoso reconhecer os erros, não pode é insistir neles!
Nenhum comentário:
Postar um comentário