Os inocentes copos de bebidas alcoólica podem abrir o caminho para drogas mais fortes |
Luís Alberto Alves
“Nos finais de semana se bebe muito”,
ressaltou o psicólogo clínico Luís Antônio da Silva, durante palestra promovida
pelo Cefatef (Centro de Formação e Estudos Terapêuticos da Família), na Câmara
Municipal de SP, no último final de semana (18/10). Segundo ele, o álcool é a
porta de entrada para as demais drogas, porque ganhou símbolo de status em
qualquer festividade, como se não oferecesse qualquer risco à saúde.
Depois aparecem os medicamentos, muitos de faixa preta, usados no drible
ao cansaço ou mesmo insônia. “Toma-se remédios desse tipo sem qualquer
preocupação que são drogas e podem causar dependência química”, disse. Na
avaliação de Silva, a única diferença entre essas famílias e os usuários de
tóxicos ilícitos é a busca pelo prazer.
Evento atraiu várias pessoas interessadas na complexidade que envolve o assunto |
Para complicar a situação, algumas pessoas
fingem desconhecer o envolvimento do filho com as drogas, ignoram olhos
vermelhos, sinais de picadas nos braços, irritabilidade, a troca do dia pela
noite, dormir muito e não sair de casa. “Na fase aguda do problema, concordam
em pagar o traficante para que os entorpecentes sejam usados dentro de casa,
como se funcionasse para resolução do problema”, afirmou.
Essa falsa negação perdura até a primeira overdose
ou envolvimento com o crime. “Não é correto. É um relacionamento doentio. É
preciso abrir os olhos, procurar ajuda para resolver o problema. Hoje, inúmeros
dependentes químicos não compram drogas nas biqueiras, mas visitam colegas
dentro de casas ou apartamentos luxuosos, onde ninguém nunca será incomodado”,
alertou.
O psicólogo, com muita experiência no assunto,
inclusive fez trabalhos terapêutico nos Estados Unidos e Inglaterra, argumentou
que a família precisa receber tratamento. Deve entender que não adianta
internar o viciado. Após sair da clínica de recuperação, ele retorna ao
problema. “Tudo começa dentro de casa, quando os pais ignoram que ingerir
bebida alcoólica é algo natural. Os filhos pequenos imitam os gestos e depois
partem para drogas ilícitas e caso fica sério”, finalizou.
O evento, o sétimo do calendário mensal de
debates promovido pelo Cefatef, reuniu diversos especialistas com objetivo de
explicar como deve ser a relação familiar em paralelo ao tratamento de pessoas
que tenham qualquer tipo de dependência química. Segundo o Cefatef, o viciado é
levado para a comunidade terapêutica, onde só ele é tratado. “A família precisa
ser inserida neste contexto, para evitar possíveis recaídas”, orientou a diretora
pedagógica da entidade, Cléo Melo.
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