O vice Joe Biden tenta apagar o incêndio provocado pela política de espionagem dos EUA contra o Brasil |
Luís Alberto
Alves
A visita do vice-presidente Joe Biden nesta
semana ao Brasil visa corrigir o erro da política internacional dos Estados
Unidos cometidos recentemente. Primeiro tentaram empurrar ao nosso país os
caças fabricados pela Boeing para renovar a frota da Força Aérea Brasileira.
Perderam para os suecos. Arrogantes consideraram a fatura ganha, mas os
militares da FAB optaram pelos aviões Gripen. A decisão demorou a sair, porém a
oferta americana acabou recusada.
Depois vieram as denúncias de espionagem feitas
pela Agência Nacional de Segurança (NSA) que bisbilhotou empresas, cidadãos e a
própria presidente Dilma Rousseff. A partir daí ela recusou viajar aos Estados
Unidos para participar de jantar oferecido por Barack Obama, ano passado. É o
mesmo do marido adúltero, pego em flagrante com a amante, fingir santidade na
busca do perdão da esposa traída.
Mas como em política as opiniões mudam
rapidamente, iguais as nuvens do céu, é provável que Biden saia de Brasília com
o incêndio debelado. Sua viagem revela que a política do grande irmão do Norte
sofre mudanças. Mergulhado numa forte crise econômica, com o desemprego
funcionando como lama grudada no pneu do carro atolado, os Estados Unidos
perceberam que não podem continuar insistindo na falsa impressão de
permanecerem donos do mundo. Principalmente por causa do veloz crescimento
econômico da China, país que várias nações correm atrás em busca do seu
gigantesco mercado, ignorando sua triste e decepcionante política de direitos
humanos.
Infelizmente a América Latina foi ignorada
várias décadas pelos Estados Unidos. Abaixo de Miami todos os países eram
considerados lixo ou república de bananas. A população norte-americana
visualizava o Brasil como lugar exótico, onde cobras e onças andavam nas praias
do Rio de Janeiro e índios usavam suas flechas para atacar turistas. O
surgimento da Internet mostrou a realidade. A forte crise econômica ajudou as
empresas a procurar outros nichos. Vários executivos viajaram ao Brasil em
busca de fechamento negócios, inclusive para vendas de seus produtos.
A Flórida percebeu que brasileiros tinham
dinheiro, quando a maioria dos seus imóveis passou a ser compradas pelos “brazucas”.
As viagens para Disney aumentaram. Num gesto de bom senso o governo americano
reduziu a burocracia para entrar naquele país. Claro, a condição econômica do
turista brasileiro virou fiel da balança.Hoje, ao contrário do passado, o Brasil é credor dos Estados Unidos.
Mesmo assim, a arrogância do governo de Barack
Obama insistiu na espionagem contra empresas e cidadãos brasileiros. De nariz
arrebitado, achavam que a concorrência dos caças estava ganha. Perderam. Depois
surgiu a denúncia das espionagens. Ai a casa caiu de vez. Com fortalecimento
das exportações para a China, os Estados Unidos perceberam que eles não são a
última bolacha do pacote. Essa é a razão da viagem do vice Joe Biden: tentar
apagar o incêndio provocado por uma política indecente, onde jamais um grande
parceiro deve ser ludibriado, nem sua intimidade vasculhada.
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