União dos bandidos do PCC ... |
com adeptos dos Black Blocs não seria obra de ficção? |
Luís
Alberto Alves
No final do mês passado uma notícia me chamou
a atenção: “Black Blocs se unirão ao PCC e provocarão o caos na Copa do Mundo”.
A matéria publicada no jornal O Estado
de S.Paulo, assinada pelo experiente e competente colega de profissão
Lourival Sant´Anna, que já cobriu vários conflitos armados no Oriente Médio,
inclusive a queda do ditador Muamar Kadafi, da Líbia, e as manifestações
estudantis no Egito, traz enfoque que considero difícil de acontecer.
Por qual razão um grupo de manifestantes iria
anunciar pela mídia a união de forças com a facção criminosa dominante na
maioria dos presídios paulistas? Num trecho da reportagem é citado que a
polícia não tem interesse de prender os cabeças do movimento Black Blocs,
porque na cadeia eles poderiam aumentar o grau de politização dos detentos,
como fizeram os presos políticos na década de 1970, no depósito de lixo de
homens de Ilha Grande (RJ), criando a semente de onde nasceu a Falange Vermelha
e depois Comando Vermelho, sob a batuta do universitário José Carlos dos Reis
Encina, o Escadinha.
O bando criminoso criado por Marcos Willians
Herbas Camacho, o Marcola, não precisa de gurus para fazer a cabeça dos seus
comparsas. Marcola já confessou em entrevistas que lê bastante, inclusive
livros de filosofia, história e sociologia, além de outros que ensinam táticas
de sobrevivência na selva de pedra da atual sociedade, como “A Arte da Guerra”,
escrito pelo chinês Sun-Tzu. Aliás, é só observar na maneira de agir do PCC
(Primeiro Comando da Capital) para perceber que eles sabem como atacar as
autoridades e provocar pânico na população.
É muita pretensão, a meu ver, dos semi
burgueses integrantes do movimento Black Blocs, tentarem ensinar o óbvio a
criminosos que sabem como semear a bagunça entre o povo. A Copa do Mundo é
ótima oportunidade ao crime organizado para aumentar a venda de drogas e
faturar alto com a prostituição. Qual motivo eles teriam para prejudicar um
evento onde ganhariam muito dinheiro, com a polícia se concentrando em reprimir
protestos, deixando descobertos os pontos de venda de entorpecentes?
Uma das táticas do PCC é justamente manter a
repressão da Justiça longe dos seus negócios. Na periferia, onde são numerosos
os locais de venda de drogas, caíram bastante os homicídios e assaltos. A regra
é simples: assassinatos atraem a polícia e afugentam os consumidores das “biqueiras”.
Qual drogado se aventura chegar a uma
rua, cheia de carros da polícia, para comprar cinco papelotes de cocaína? Qual
bordel manterá as portas abertas num local de trânsito intenso de PMs?
A
cabeça dos militantes dessa facção criminosa já está feita. Não precisa de
palpites de semigurus. Afinal de contas eles se encontram nesta tenebrosa
estrada do crime organizado há muito mais tempo, talvez na época em que os
integrantes dos Black Blocs ainda se encontravam saindo do jardim da infância.
Os bandidos encastelados no PCC, durante a estadia nos presídios de segurança
máxima de São Paulo, aprenderam as lições ensinadas pelo seu líder maior,
Marcola, de como encurralar as instituições de segurança pública e até ameaçar
o governador.
Não cabe a mim explicar quais os motivos que
influenciaram na elaboração dessa reportagem publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo, mas algo de
estranho existe por trás disso tudo. Por que motivo alguém iria avisar as
autoridades do estrago que promete fazer durante a Copa do Mundo? Os grandes
estrategistas agem de surpresa, essa é uma das regras ensinadas por SunTzu,
autor do badalado e lido “A Arte da Guerra”, escrito durante o século IV a.C.
Jamais revelariam os planos de ataque, principalmente associação com outros
grupos para aumentar suas forças. É o mesmo de o marido deixar bilhete escrito
para a esposa, avisando que foi à casa da amante ou vice-versa.
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