Luís
Alberto Alves
O choro dos jogadores da Seleção Brasileira na
batalha contra o Chile, sexta-feira (27) virou polêmica. Alguns defendem os
craques, outros criticam, qualificando a atitude como fragilidade emocional.
Porém em todas as profissões existe pressão. Imagina o empresário próximo do
final do ano, calculando pagamento de impostos (e são muitos), de fornecedores,
de aluguel, salários e 13º, depositando a confiança nas compras do produto que
sai de sua linha de montagem.
Líder não fica sentado quando precisa tomar decisão importante |
Para aumentar a dramaticidade, suponha que
essa indústria tenha 500 empregados. Como o valor do rendimento do operário
registrado é quase 100% em encargos, a folha de pagamento é imensa. Caso não
recebam o dinheiro no mês de dezembro, a confusão está armada, com paralisações
e manifestações na porta da empresa. Nem por causa disso enxergamos empresários
chorando, pois precisam resolver o problema rapidamente. Afinal de contas
famílias dependem do dinheiro que sairá da conta corrente dos empregados que
trabalham.
Outro caso de pressão é a sofrida pela
tripulação de aviões. Toda decolagem e pouso são grandes o risco de acidente
fatal, resultando em centenas de mortos. Quem não se lembra do desastre com
Fokker 100 da TAM em 1996, ceifando a vidas de 99 passageiros poucos segundos
após sair do Aeroporto de Congonhas, Zona Sul de SP. Não encontramos histórias
de pilotos e comissários de bordo chorando, ao saber que a vida deles e das
pessoas que estão ali viajando pode se acabar num piscar de olhos, caso a
aparelho exploda na decolagem ou o trem de pouso apresente defeitos ao pousar.
Não existe ninguém igual ao outro. Os craques
da Seleção Brasileira sabem a importância desta Copa do Mundo no País. Da
alegria que pode proporcionar à população o hexacampeonato. A realização do
sonho para sepultar o pesadelo de 1950. O próprio governo aposta no título, do
contrário as manifestações colocarão em xeque a gestão Dilma Rouseff, pois
muitos estádios irão se transformar em elefantes brancos após esse mundial.
O grave problema é que esse time não tem
muitos atletas que assumam para si a responsabilidade. Tipo Dunga ou Rondinelli,
zagueiro do Flamengo conhecido por sua raça na década de 80. Na Copa do Mundo
de 1982, na Espanha, o volante Toninho Cerezzo chorou no vestiário, assumindo a
culpa por um dos gols da Itália. Levou uma “dura” do atacante Serginho Chulapa,
que antes de virar artilheiro no São Paulo nas décadas de 1970 e 1980, conheceu
a várzea da Zona Norte, inclusive da Casa Verde e Parque Peruche. Voltaram e
lutaram até o último minuto de partida.
Líder não pode sentar em cima da bola, antes
da cobrança fatal de pênaltis e chorar. Como capitão Thiago Silva deveria
encostar os colegas na parede e descarregar a pressão jogando bom futebol.
Disputando cada lance com garra, se possível atirando o adversário na pista de
atletismo. Ir para cima. Jamais assumir uma derrota, sem antes conhecer o
adversário. O torcedor não é bobo. Ele sabe quem dá o sangue durante a partida
e quem se esconde atrás do nome.
O menino Neymar, apesar dos 22 anos, tem
mostrado que acredita no sonho do hexacampeonato. Ou alguém duvida do craque
machucado, resolver cobrar um pênalti, com quase 90% chance de errar por causa
das dores? O grupo é consciente do significado de colocar as mãos nesta taça.
Porém é preciso colocar o coração na ponta da chuteira e partir para cima dos
leões. Um deles se chama medo. Num jogo só existem duas probabilidades: perder
ou ganhar. Para conhecer o resultado é preciso entrar em campo e segurar o
choro na decisão.
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