Marcelo foi alvo de vários ataques racistas no Twitter |
Luís
Alberto Alves
Para os inocentes de plantão, que
batem os pés contra a existência de racismo no Brasil e sim discriminação
social, alguns internautas no Twitter revelaram o contrário. Uma minoria em
nosso país não gosta de negros. O gol contra do lateral-esquerdo Marcelo na
partida Brasil x Croácia, ontem no Itaquerão, Zona Leste, na abertura da Copa
do Mundo, foi o estopim para comentários raivosos.
O twiteiro identificado como Lucifer (pelo
apelido deve ser tremendo mau caráter) escreveu: “olha meu cachorro falou aqui
sobre o gol “tinha que ser preto né”,
que cachorro mau. Depois veio outra paulada sobre o jogador da Seleção
Brasileira, por alguém que assina como Harnock: “tira esse Marcelo de campo,
depois vai dizer que sou racista, mas
tinha que ser preto”.
Prova do ódio destilado pelos racistas contra o jogador da Seleção Brasileira |
No total de ataques, cinco
internautas vomitaram o ódio contra o erro cometido pelo lateral do Brasil,
como se errar fosse prerrogativa só de negros e acertos somente para brancos.
Agora compreendo a humilhação sofrida pelo goleiro Barbosa na Copa do Mundo de
1950, quando o Brasil perdeu a final disputada com o Uruguai. Até sua morte,
aos 79 anos, em abril de 2000, carregou a culpa de não ter conseguido impedir a
gol que deu ao Uruguai o título daquele Mundial.
Aliás, durante vários anos a
então CBD (Confederação Brasileira de Desportos), hoje CBF (Confederação
Brasileira de Futebol) ficou sem convocar goleiros negros para defender a
Seleção em Copas do Mundo. Só em 2002, o arqueiro Dida quebrou essa maldição
sagrando campeão.
Comentários desse tipo revelam o quanto o racismo está impregnado em
minorias deste país.
A própria festa de abertura
deixou de fora o torcedor brasileiro de cor negra, numa nação onde 50% da
população são escuras. A Fifa que em público é contrária ao racismo, é a
primeira adotar práticas discriminatória ao gerar imagens distribuídas para
emissoras de televisão, só focando em homens e mulheres, brancos, de aspecto
bonito, como se os negros fossem todos doentes.
O azar de Marcelo foi a bola
chutada pelo croata Jelavic ter batido no seu pé e entrar no gol brasileiro. Imaginem
esta situação numa final e o título não ficasse no Brasil. Provavelmente ele
teria de sair escoltado pela polícia do estádio, colocado num avião para
permanecer em local seguro. Carregaria
para sempre o peso de colaborar para a derrota da Seleção e, claro, o
comentário racista: “só podia ser coisa de preto”.
O mais curioso dessa triste história é que o
melhor jogador de futebol de todos os tempos é negro: Pelé. Em nenhum país
ninguém questiona essa qualidade do eterno camisa 10 do Brasil. Cabe ao serviço
de inteligência da polícia identificar todos esses internautas e que eles
paguem pelo erro na Justiça.
Não adianta aparecer advogados
dizendo que foram comentários sem desejar ofender ninguém, tudo feito no calor
da emoção do jogo. Erraram feio, pois o publicado na internet ganha o mundo e
não volta mais. É igual soltar penas no alto de uma montanha e depois pretender
juntar tudo de novo.
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