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Os olhos são as janelas do coração |
Luís
Alberto Alves
Diversas decisões que tomamos no calor das
emoções resultam em dores de cabeça. Porque não pensamos nas conseqüências. Quem
freqüenta as festas noturnas é exemplo disso. Na busca para saciar a fome de
sexo, joga para segundo plano o preservativo. Deixa a beleza impactar e mais
tarde entra no sombrio clube do HIV positivo.
O mais curioso nesta história é que o coração
tem capacidade de criar imagens fantásticas de algo feio. As mulheres se
apaixonam, na maioria das vezes pela imagem de um suposto homem de negócios,
que poderá bancá-las nas famosas compras nos shoppings. O fato de ele pagar
tudo, cobri-la de jóias, colocar em suas mãos cartão de crédito de limite
elevado é o suficiente para deixar o cérebro de lado.
Ao andar pelas ruas, a beleza
da mulher brasileira chama a atenção. Nesses poucos segundos, o homem casado há
vários anos pensa como seria sua vida ao lado de uma beldade daquela. Esquece a
idade, a estrutura do lar, os filhos para sonhar com possível aventura.
Novamente o coração passa a perna no cérebro, isola a razão.
Poucos conseguem compreender
que razão e emoção andam lado a lado, mas não sentem simpatia pela outra. A
emoção considera a razão muito “devagar”. Demora em tomar decisão. Pensa demais
e acaba perdendo o bonde da história. Na linguagem do jovens, ela é nerd. Já a
emoção é fogo na gasolina. Mergulha de cabeça em qualquer história. Bate
primeiro para perguntar depois.
Quando temos 18 anos, somos pura emoção. Enfrentamos
o perigo em qualquer lugar. O desaforo é respondido na mesma altura. É pau para
toda obra. Nem medo da morte temos. Afinal de contas, em sã consciência, em
casos excepcionais, quem pegaria um carro para disputar racha ou mesmo chegar
aos 200 km/h numa rodovia, com o automóvel revestido de pneus carecas?
É este afã a marca registrada do coração.
Despreza o bom senso. Importante, para ele, é viver o momento, como se não
fosse existir mais presente. Para o nosso próprio bem, é desaconselhável viver
refém do coração. Devemos mantê-lo na balança ao lado da razão. Para um temperar
o outro. Radicalismo não é bom. A vida precisa ser dividida em razão e emoção.
Nesta sintonia é possível chegarmos à velhice, conscientes de que aproveitamos
os bons momentos, que geraram lindas lembranças.
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