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Na linha de montagem da Nissan, em Canton, Mississippi, funcionários são obrigados a usar fraldões |
Luís
Alberto Alves
Fiquei estarrecido com as práticas
escravagistas adotadas pela filial da Nissan na cidade de Canton, Mississippi,
Estados Unidos. Primeiro ela proíbe a eleição de dirigentes do sindicato dos
metalúrgicos para representar seus funcionários (o sindicalismo norte-americano
funciona por empresas). Caso seja implementado, ameaça sair da cidade, deixando
milhares de desempregados.
Ela segue a risca os conselhos ditatoriais do
seu presidente, o brasileiro Carlos Ghosn, que também está à frente da
montadora francesa Renault. Ficou conhecido no mundo empresarial
automobilístico como “senhor morte” por causa do elevado número de demissões
realizado na Nissan quando assumiu o poder.
A fábrica da Nissan em Mississippi rompe todos
os limites da sensatez. Os funcionários têm jornada de oito horas seis dias por
semana, com agravante que nos finais de semana são obrigados a trabalhar no
turno da noite, para garantir a fabricação de 300 automóveis por turno. Os
temporários ficam 10 horas no serviço durante os sete dias da semana.
Para não atrapalhar a linha de produção, os
empregados desse setor são obrigados a usar fraldões. Os baixos salários são
outros péssimos adjetivos praticados pela Nissan. A montadora recusou,
inclusive, orientação do governo dos Estados Unidos para tirar da ordem do dia
essas práticas daninhas. A resposta foi ameaçar ir embora do solo norte-americano.
Infelizmente esse tipo de mentalidade
empresarial ainda vigora em diversos países. O capital transnacional visualiza
o maior lucro possível, deixando sem segundo plano a saúde dos trabalhadores e
bem-estar social. Por causa disto, é grande o número de divórcios em Canton,
porque o marido ou esposa que trabalham na Nissan geralmente pouco tempo ficam
em casa, ao lado dos filhos.
Mas em nome da grande quantidade de dinheiro
que entra no cofre da japonesa Nissan, tudo isso é ignorado. Em vez de
dialogar, responde com ameaças, quando o correto seria conversar e compreender
que não estamos mais na época da escravidão. Que nos Estados Unidos os Direitos
Sociais, conquistados na década de 1960, ainda continuam em vigor, para
desgosto do ditador Carlos Ghosn...
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