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Manipulação de preços, venda casada, sites falsos e taxas indevidas estão entre os principais perigos da data
Redação/Hourpress
A edição deste ano da Black Friday deve movimentar R$15 bilhões, segundo pesquisa do instituto Datafolha encomendada pela Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs). Cerca de 42% dos consumidores brasileiros devem realizar compras de produtos ou serviços na ocasião dos descontos sazonais. O gasto médio previsto para essas compras é de R$ 1422 por consumidor, que tende a preferir o cartão de crédito.
Além de se consolidar com uma das datas de maior volume de compras do ano, a temporada de descontos também acende um alerta para armadilhas, envolvendo os descontos, taxas abusivas e golpes, principalmente para os consumidores mais vulneráveis a decisões impulsivas.
Segundo Fernando Sette Junior, economista e professor dos cursos de Gestão e Negócios do Centro Universitário UniBH - integrante do maior e mais inovador ecossistema de qualidade do Brasil, o Ecossistema Ânima - o ambiente criado pelas empresas nessa época é estrategicamente planejado para estimular decisões rápidas, nem sempre racionais. “A combinação de aparente escassez, urgência artificial e anúncios agressivos ativa mecanismos emocionais que fazem o consumidor sentir que está diante de uma oportunidade imperdível”, explica. A isso se soma um “desejo reprimido” acumulado ao longo do ano e o fácil acesso ao crédito, que ampliam a sensação de permissão para gastar — muitas vezes mais do que o orçamento permite. Dobro Entre as práticas mais comuns – para as quais o consumidor deve se atentar - está a manipulação de preços, a famosa “metade do dobro”. Segundo Sette, um sinal claro de fraude é quando o preço de referência do produto aumenta dias antes, apenas para ser reduzido novamente no dia da promoção. Descontos muito superiores à média do mercado, especialmente quando concentrados em apenas um site, também merecem desconfiança. Para escapar das armadilhas, o professor recomenda acompanhar o histórico de preços com antecedência e definir um preço-alvo. “Monitorar valores por semanas ou meses permite identificar rapidamente se a promoção da Black Friday é real ou apenas maquiagem”, afirmou. Ainda segundo o economista, a temporada também atrai criminosos que se aproveitam da pressa do consumidor. Sites falsos que imitam grandes varejistas, perfis fraudulentos nas redes sociais, links de phishing e QR Codes maliciosos estão entre os golpes mais frequentes. “Antes de finalizar uma compra, é fundamental verificar cuidadosamente o endereço do site, checar o CNPJ, consultar avaliações e confirmar a existência de canais de atendimento reais”. Em promoções muito discrepantes, diz Sette, o melhor é desconfiar. O professor também alerta para a importância de cartão virtual, senhas fortes, autenticação em duas etapas e evitar compras em redes Wi-Fi públicas. “Essas medidas reduzem drasticamente o risco de roubo de dados financeiros”, reforçou. Abusiva Outro ponto de atenção são cobranças acrescentadas no final do processo de compra, sem aviso prévio ou justificativa. Embora taxas como frete e serviços adicionais solicitados pelo cliente possam ser cobradas, valores não destacados claramente configuram prática abusiva. Situações de venda casada também aumentam na Black Friday. Garantias estendidas oferecidas como obrigatórias ou pacotes que impedem a compra do item principal pelo preço anunciado são exemplos comuns. “Se não for possível adquirir o produto sem os adicionais, trata-se de irregularidade prevista pelo Código de Defesa do Consumidor”, alerta o docente do UniBH. Por fim, o especialista reforça que para aproveitar a data sem comprometer o orçamento, é importante ter objetivos claros, lista definida e limite máximo de gasto. “Em um cenário econômico ainda marcado por juros altos, o consumidor deve evitar parcelamentos longos, que reduzem a margem de segurança financeira. O cartão de crédito não pode ser tratado como extensão da renda”, alerta acrescentando que o segredo é transformar a Black Friday em uma oportunidade — e não em um risco: “Quem compra de forma estratégica, informada e planejada faz bons negócios. Já quem age pela emoção acaba pagando caro por um desconto que não existia”. |

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